Quem é o herói no filme de faroeste?

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Os filmes de faroeste sempre fizeram muito sucesso, com histórias épicas, com muitos tiros e ação. Mas, afinal, quem é o herói no filme de faroeste?

Desde os primeiros momentos esses filmes foram reproduzindo imaginários e reforçando estereóticos. Tudo isso com base na própria história do país e na maneira como os Estados Unidos foram sendo formados. Das 13 colônias aos 50 estados federados de hoje, um trajeto dinâmico foi sendo percorrido, envolvendo a busca por terras e riquezas e o confronto com povos originários.

Os filmes de faroeste herdam suas características do movimento de ocupação, de expansão de fronteiras. Parte disso vai se intensificar depois da conclusão da guerra de independência contra a Inglaterra; somando ainda à corrida do ouro em algumas regiões, como é o caso da Califórnia de 1849 a 1855.

Essa ocupação de fronteiras traz todos os elementos que compõe em geral os filmes de faroeste: o drama da migração; a vida dos cowboys, muitos deles errantes; o conflito com os indígenas originários; a vida nas cidades – muitas delas incipientes e pobres, onde convivem os xerifes, os pistoleiros e os colonos. A lei das armas (ou lei da bala), que tem primazia sobre qualquer outra forma de lei, onde o calibre e a rapidez do tiro fazem a justiça ou a desgraça de infelizes assaltados e por vezes assassinados.

Desse contexto, temos o conflito entre os mocinhos (brancos) e os malvados (índios), que toma conta da maioria dos filmes de faroeste, pelo menos até algumas décadas atrás.

O índio é violento, não aceita o diálogo, ataca as fazendas, rouba gado dos fazendeiros; os brancos trazem a “civilização”, são mal recebidos, agem então legitimamente com suas armas de fogo. No meio disso, a miscigenação que às vezes aparece em um ou outro filme como fator complicador, mas quase nunca para invalidar o maniqueísmo original. Os negros, por sua vez, quase sempre aparecem, como no filme Django Livre, como escravos ou obedientes servidores nos campos ou nas casas das famílias ricas do sul.

Nesse universo dos filmes de faroeste, não foram poucos os heróis criados pelo cinema ou figuras históricas adotadas por ele. Entre as figuras históricas, tornadas mitos pelo cinema, temos nomes como Wyatt Earp ou Billy the Kid. Mas, além desses, dentre as figuras criadas pelo cinema temos o “Homem Sem Nome”, imortalizado por Clint Eastwood na “Trilogia dos Dólares”, Shane, o herói do filme clássico Os Brutos Também Amam (1953), interpretado por Alan Ladd, e Ethan Edwards, interpretado por John Wayne em Rastros de Ódio (1956).

Mas, então, quem é o herói no filme de faroeste? Com algumas exceções, os heróis de filme de faroeste tem algumas características comuns. Em geral, eles são brancos, em alguns momentos mestiços, mas nunca (ou quase) negros. Eles são bons no gatilho, “treinandos pela vida”, representantes da lei contra os foras-da-lei – às vezes são anti-heróis, ainda assim figuras centrais.

Seja como for, esse herói de filme de faroeste é se insere no passado de ocupação territorial dos Estados Unidos, incluindo o “destino manifesto”, no qual se inserem ainda aqueles que ocuparam e defenderam terras que antes pertenciam ao México. Enfim, mesmo em “terras sem lei”, são eles “a lei”, que faz justiça ou morre no exercício do seu dever.

Livro David Copperfield

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