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Já é fato, uma realidade inevitável: os professores disputam cada vez mais “espaço” com os youtubers historiadores. Mas até que ponto isso é um problema ou uma solução complementar? 

Que o mundo está informatizado, cada vez mais imerso no cyberespaço, isso não é novidade. Assim, como resultado desse movimento, temos que lidar com uma “concorrência”, por vezes dura: o conhecimento, nem sempre adequado, passado por youtubers. Isso gera algumas consequências, ora positivas, ora muito negativas.



Das muitas consequências negativas, podemos citar o fato de que alguns youtubers são meros aventureiros em busca de likes, compartilhamentos e alguns centavos (no caso dos canais que conseguem se monetizar).

Nesse caso, nem sempre a pessoa que fala realmente tem a preocupação de oferecer um conteúdo de qualidade. E às vezes não sabe sobre o assunto mesmo.

Mas, em geral, para muitos o objetivo é impactar e aparecer nos trends topics, ganhar visibilidade nos mecanismos movidos a algorítimos e serem sugeridas nas litas de reprodução. Daí que fazem click bate, com títulos chamativos e cativantes, que acabam aparecendo nas primeiras posições das buscas. 

Em casos não raros, o que fazem muitos youtubers é vulgarizar o conhecimento, no sentido mais pejorativo do termo. Nesse caso, oferecem conteúdo raso ou apenas reprodução de informações sem verificação e fundamento.

Em outros casos, a aposta nos vídeos é em temas polêmicos, aqueles que atraem um maior público. Público que nem sempre está interessado em “aprender de verdade”, mas apenas se entreter.

O certo é que os maus conteúdos dos vídeos atrapalham o bom andamento das nossas aulas físicas. O professor, por vezes, tem que perder tempo tentando desmitificar e desfazer visões estereotipadas, simplistas, reducionistas, mal colocadas e mesmo preconceituosas.

As sequelas, por vezes, são quase impossíveis de serem reparadas e são levadas por toda vida escolar dos alunos. 

O professor, em sala, tem a “missão” de “provar” que aquele youtuber, super cool, cheio de palavras chamativas, com milhões de inscritos, não falou a “verdade” ou que o que foi dito não é bem aquilo que aconteceu.

Os floreios e comentários cômicos de muitos “fazedores de vídeos” entram fundo na mente de muitos alunos e criam uma crosta de mau conhecimento que é dificílimo de remover.

Leia mais: Papo de professor: sobre o ato de avaliar

Existe conteúdo bom no Youtube?

Claro que sim.

Há muitos youtubers preocupados em fazer bom conteúdo. Gente que não quer só chamar atenção, ao mesmo tempo em que oferecem conhecimento minimamente adequado, com referência, sem ser entediante.

Por isso, é muito importante – para não dizer fundamental – que as atuais e, especialmente, as novas gerações de professores se insiram no cyberespaço e conheçam minimamente o que está acontecendo nesse mundo “paralelo”.

Assim poderão dialogar com seus alunos e não correrão o risco de serem deixados de lado, trocados por “falsos” profetas, ops, professores! Dialogar com os conteúdos digitais pode mesmo tornar a aula mais dinâmica, mais atraentes e divertida.

Em tempos de Inteligência Artificial, é preciso estar atento e ao mesmo tempo saber trabalhar com as novas ferramentas.

Eu tenho meu próprio espaço no Youtube; ter um canal e produzir vídeos em si não é algo negativo. Pelo contrário, acredito que toda ferramenta (Canal, blog, grupos em redes sociais, etc…) que é usada de forma refletida, pode se tornar SIM uma arma poderosa de difusão de experiências e conhecimentos.

Da mesma forma, fazer uso dessas ferramentas como fonte de informação e pesquisa na escola também pode gerar bons resultados. Já falei em outro artigo sobre a Wikipedia, você pode ler se quiser clicando aqui.

Enfim, vamos navegar, dialogar, produzir, e mostrar aos nossos alunos que nós professores também estamos conectados. Nós sabemos o que está acontecendo e podemos guiá-los para os conteúdos realmente construtivos.

Se você quer ler mais sobre esse assundo, aí vai uma dica de livro:

Mídia e Educação, de Maria da Graça Setton

Para aqueles que têm familiaridade com as mídias, esta obra estimula o debate; para os novatos, é um convite a fazer uma imersão nesse amplo, diverso e instigante campo de investigação. Assim, a obra é fortemente recomendada para estudantes e professores nas áreas de educação e comunicação.

Leia os outros artigos da série Papo de Professor!

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