Podemos aprender filmes e séries baseados na História? Essa é a pergunta que quero discutir nesse artigo com vocês.
Pensar em filmes e seriados é pensar em muita coisa além do compromisso da trama com a “história real”.
Devemos antes de tudo levar em conta a composição das cenas, a fotografia, os cortes, os enquadramentos, os tipos de iluminação. Enfim, tudo que acaba interferindo diretamente nas sensações, esperadas ou não, e na forma como o filme e o seriado deveria e é recebido consciente ou inconscientemente pelo espectador.
Essas coisas dizem respeito às questões técnicas, mas não podem ser ignoradas quando se quer interpretar uma produção, que em último caso é uma peça ficcional e artística, mas que toma uma história real como assunto principal ou como pano de fundo.
Para nós professores, isso pode ser muito interessante para dialogar com os alunos e criar curiosidades, que então podem resultar em conversas e conhecimentos.
The Tudors
Ainda devemos atentar para as particularidades entre filmes e séries. Enquanto o filme precisa ser mais sintético, os seriados em geral não têm esse objetivo, pelo contrário.
Num filme a história (mais real ou mais ficcional) parece mais focada, enquanto que na série pode ocorrer um prolongamento da história – com exceções, claro, como é o caso de O Último Czar, por exemplo, que procura se manter na história, ganhando inclusive ares de documentário.
No filme há uma chance maior de se concentrar na história real ou de mantê-la o mais perto possível quando se está contando a história.
No caso dos seriados, por sua vez, isso pode mudar a medida que o mesmo se estende por 2, 3 ou mais temporadas – basta lembrarmos da série Vikings.
Assim, eles tendem a se distanciar mais do real e alimentar a trama com mais diálogos, mais personagens, mais interação, por vezes, menos compromisso com a história real que lhe deu origem ou que lhe serviram motivação.
Vikings
Qual o veredito? Podemos ou não aprender com filmes e séries baseados na História?
Mas, então, os alunos podem aprender com filmes e séries? A resposta, em geral, é sim. No entanto, é preciso que o professor “direcione” o aluno, ou melhor, provoque-o, para pensar usando o filme ou série.
Antes de tudo, escolher a produção adequada para cada assuntou ou faixa etária. Depois, ele precisa se preparar para levar o aluno na viagem necessária, que deverá em algum ponto do caminho chegar a uma encruzilhada, abrindo-se para dois destinos possíveis:
1) à interpretação do filme continuando essencialmente como ficção, tema de aulas de Arte e outras possíveis Ciências Humanas, que poderão dialogar de forma muito construtiva com História, por se tratar de cultura e sociedade;
2) determinar que daí em diante se mostrarão as “inverdades” do filme e do seriado, a “romantização” de algum evento ou personagem ou ainda a “adulteração” de percursos, eventos, datas, etc.
Livro Vikings, Neil Price
Fazendo isso com propriedade nós professores teremos a atenção, se não de todos, ao menos de uma boa parte dos alunos. Construindo assim conhecimento com base na curiosidade despertada.
Isso porque com imagens, movimentos, sons e músicas, os alunos “visualizarão” os temas abordados nas aulas, conseguirão ter ideias e sensações, quase se inserir na história – eu disse quase porque a História, como sabemos, é limitada pelas fontes que possuímos e nunca é uma “reconstrução” completa do que aconteceu no passado.
Last Kingdom
Mas vale ainda mais uma vez dizer, para os professores e mesmo para os alunos (inclusive os de graduação) que para se aprender com filmes e séries, não se pode ficar só na produção em si.
Não se pode tomar o filme pelo filme e ponto. Ou seja, é preciso aproveitar a curiosidade que isso gera e ir mais além, buscar livros, documentários e mesmo sites confiáveis.
Nós precisamos também aproveitar a crescente produção de obras sobre povos e eventos históricos para criar uma imagem sobre esses, inclusive aproveitando os filmes e séries nos muitos diálogos que possam surgir dentro e fora de sala de aula.
Aproveite também para assistir ao vídeo abaixo!
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