As indústrias do Vale do Itapocu, região localizada em Santa Catarina, são destaque nacional. Trata-se de uma região rica em história e inovação industrial, sobre a qual eu quero falar com vocês.
Santa Catarina já se destacava na produção de roupas e tecidos desde pelo menos o começo do século XX. Destaca-se nesse contexto a região do Vale do Itajaí, com destaques para cidades como Brusque e Blumenau.
Mas, com passar do tempo, algumas marcas de Jaraguá do Sul foram se inserindo no setor têxtil, que continuou crescendo ao longo dos anos.
Somado a isso, na onda de industrialização brasileira, especialmente depois da Segunda Guerra, Santa Catarina foi se inserindo em outros setores, como o das indústrias pesadas. O que aconteceu com a produção metalúrgia e de motores, que ganhou cada vez mais destaque.
Segundo o economista Alcides Goularti Filho, os anos de 1945 a 1962 em Santa Catarina foram marcados pela diversificação e ampliação da base produtiva. Já no período que começa depois de 1962, há a integração e a consolidação da indústria catarinense.
Nesse contexto de maior especialização da indústria, despontariam cidades como Joinville, que hoje é o maior centro industrial do estado. Mas, também ganharam cada vez mais importância a cidade de Jaraguá do Sul e a pequena cidade de Guaramirim.
Já outras cidades do Vale do Itapocu, como Schroeder, Massaranduba e Corupá seguiram dedicas especialmente à agricultura.
As empresas de destaque do Vale do Itapocu
Entre as principais indústrias da região destaca-se a WEG S.A., fundada em 1961 por Werner Ricardo Voigt, Eggon João da Silva e Geraldo Werninghaus.
Iniciada como uma pequena oficina de reparo de motores elétricos, a WEG hoje é uma das maiores fabricantes de equipamentos elétricos do mundo, atuando em mais de 135 países.
Em 2023, a WEG registrou uma receita líquida de R$ 28,5 bilhões, impulsionada por seu comprometimento com a inovação tecnológica e a sustentabilidade, oferecendo soluções em eficiência energética, energias renováveis e automação industrial.
Além da fabricação de motores e outros insumos industriais, na região a Weg também atua na produção química, com destaque para tintas.
A WEG é um dos maiores empregadores da região, contando com mais de 30.000 funcionários, distribuidos em suas diferentes unidades localizadas em Guaramirim e Jaraguá do Sul.
Outra importante indústria é a Marisol S.A., fundada em 1964 em Jaraguá do Sul.
A empresa começou com a produção de calçados e, ao longo dos anos, expandiu para o setor de vestuário, especialmente roupas infantis, sendo proprietária das marcas Lilica Ripilica e Tigor T. Tigre.
A Marisol registrou em 2023 um faturamento de aproximadamente R$ 1 bilhão, destacando-se pela qualidade de seus produtos e reconhecimento de marca em nível nacional.
A Marisol emprega cerca de 6.000 pessoas.
A Duplafer Indústria Metalúrgica, fundada em 1989 em Guaramirim, iniciou como uma pequena empresa familiar e cresceu significativamente, especializando-se na produção de peças fundidas e usinadas para setores como automotivo, agrícola e de construção.
A Duplafer investe constantemente em tecnologia de ponta e capacitação de seus trabalhadores.
Em 2023, a empresa alcançou um faturamento de R$ 200 milhões. Atualmente, a Duplafer emprega aproximadamente 1.500 funcionários.
A Malwee Malhas Ltda. ou apenas Malwee, fundada em 1968, é uma das maiores e mais tradicionais fabricantes de roupas do Brasil.
Em 2023, a Malwee teve um faturamento de R$ 1,5 bilhão.
A empresa é pioneira em práticas ambientais no setor têxtil, incluindo o uso de tecidos reciclados e processos produtivos que reduzem o consumo de água e energia.
A Malwee emprega cerca de 7.000 pessoas, contribuindo significativamente para a geração de empregos no Vale do Itapocu.
A Rovitex Indústria e Comércio de Confecções Ltda., fundada em 1986 em Jaraguá do Sul, começou como uma pequena confecção e hoje é uma das principais empresas de moda do Brasil, produzindo roupas para homens, mulheres e crianças.
Em 2023, a Rovitex registrou um faturamento de R$ 400 milhões e atualmente emprega cerca de 2.500 funcionários.
Vale falar ainda da Lunelli, fundada em 1981 também em Jaraguá do Sul, outra gigante do setor têxtil no Vale do Itapocu.
A empresa começou com a produção de malhas e, ao longo dos anos, expandiu sua linha de produtos, incluindo vestuário para diversas faixas etárias e estilos, com marcas como Lunender e Alakazoo.
Em 2023, a Lunelli registrou um faturamento de R$ 1,2 bilhão e emprega cerca de 4.000 pessoas.
Além das grandes indústrias, a região do Vale do Itapocu tem atraído um número crescente de migrantes em busca de oportunidades de trabalho e melhor qualidade de vida.
Qual o impacto dessas indústrias?
As indústrias do Vale do Itapocu tem um impacto muito grande na economia do estado, que está entre os mais ricos do Brasil.
Para termos uma ideia, o PIB de Santa Catarina em 2023 foi de aproximadamente R$ 390 bilhões. A participação das Indústrias do Vale do Itapocu no PIB Estadual foi de cerca de 8,4%.
Sozinhas as indústrias do Vale do Itapocu contribuiram com cerca de 0,33% do PIB nacional, que foi de aproximadamente R$ 10 trilhões.
Além disso, nos últimos anos a migração para a região aumentou significativamente, impulsionada pelas ofertas de emprego nas indústrias locais.
Segundo dados recentes, a população da região do Vale do Itapocu cresceu cerca de 15% na última década, refletindo o desenvolvimento econômico e a expansão industrial.
Essas indústrias são apenas algumas das muitas que fazem dessa região um polo industrial vibrante e em constante crescimento. O que se soma ainda com a produção agrícola, que tem destaque para o arroz e a banana.
dica de livro
Caminhos, estradas e rodovias em Santa Catarina
Esse livro de Alcides Goularti Filho traz uma farta riqueza de fontes, além de novas categorias de análise ― camada geoeconômica, sistemas regionais de economia, formas de adensamento do Estado e do capital no território, que foram criadas e vêm sendo testadas pelo autor.
Também é dele o livro Formação Econômica de Santa Catarina, do qual tirei algumas informações importantes para esse artigo.
Deixe um comentário