A China é comunista? Ou seria socialista? Mas ela não é capitalista? Para responder essas perguntas eu fiz esse post, com uma visão geral e descomplicada sobre o assunto.
Quando a gente fala de comunismo, muita gente logo diz que “ele não dá certo! só olhar para a URSS e a China”, onde há opressão e as pessoas não tem liberdade. Mas, será que esses países foram ou são comunistas mesmo?
Um pouco de contexto
O comunismo, segundo Karl Marx e Friedrich Engels, viria para acabar com o capitalismo. Com isso, teríamos o fim da propriedade privada, da luta de classes – já que os trabalhadores venceriam – e a propriedade dos meios de produção e dos resultados da produção seriam coletivos.
Mas, com esses autores e os marxistas que vieram depois – especialmente Lênin, mas também de forma mais grosseira Stálin e Mao Tse Tung -, seriam definidas as etapas que levariam necessariamente ao comunismo.
Isso quer que haveria etapas de desenvolvimento na história que iriam da fase mais primitiva, passando pela feudal, pelo capitalismo, pelo socialismo, até chegar finalmente ao comunismo. Seria uma “evolução” necessária e inevitável, ideia que os marxistas do século XX levaram muito a sério.
Mas e a realidade?
A questão é que tivemos as revoluções, a partir da Rússia em 1917, depois na China em 1949, em Cuba em 1959 e por aí vai. Em todas elas chegou-se a etapa do socialismo, com a formação de partidos comunistas.
O problema é justamente que não saíram do socialismo.
Logo notaram – os marxistas ou seus adversários – que se instalaria um “socialismo de Estado”, acompanhado por economia dirigida, política de partido único e centralização do poder.
Falando em termos marxistas, em nenhum desses casos teria chegado à etapa final do comunismo.
E a China, como fica nisso?
A China começou muito próxima da URSS, mas rompe com ela nos anos posteriores à Revolução Chinesa de 1949. A China ensaiou inclusive uma aproximação com os Estados Unidos em plena Guerra Fria. Aproximação que parece ainda maior depois da morte de Mao Tse Tung em 1979 e a “virada” ocorrida na China, tanto política quanto econômica.
Deng Xiaoping, líder da China a partir do final da década de 1970, foi o arquiteto das reformas econômicas que transformaram o país.
Deng introduziu essa abordagem como parte do processo de modernização da economia chinesa após os excessos e fracassos do Grande Salto Adiante e da Revolução Cultural, ambos promovidos por Mao Tse Tung.
Na verdade, a virada ocorrida é mais econômica, já que a centralização política continuou em muitos sentidos, como se vê até hoje. O que explica uma abertura econômica para os mercados externos, para investimentos e etc..
Daí em diante, a China passou década após década por avanços, atingindo um protagonismo impressionante, assumindo inclusive o lugar da URSS como principal país “comunista” do mundo e principal rival dos Estados Unidos depois de 1991.
A China passou a gerar novos e intensos debates: afinal, como um país comunista poderia ser aberto ao mercado? Continuaria ela sendo comunista?
O fato é que ela NUNCA FOI COMUNISTA, no sentido final da “evolução” preconizada por Karl Marx.
O que a China sempre foi, isso sim, é um país socialista, com uma economia mista (de mercado e também controlada). Aliás, depois da abertura ocorrida na década de 1970, alguns vão chamar de “socialista de mercado”.
Então, quando alguém te perguntar sobre a China, diga que ela é socialista, politicamente, e com fortes traços de mercado capitalista em sua economia, ainda que com controle do Estado em setores produtivos e distribuição de renda.
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