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Costumamos falar de Imperialismo na África como uma coisa do passado, mas os domínios franceses no continente mostram uma imagem muito menos feliz.

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A situação política, econômica e social atual dos países africanos é resultado de séculos de pressão e domínio europeu. Os conflitos militares e as divisões irreconciliáveis também. A própria divisão territorial foi feita de forma arbitrária por quem teve o domínio (especialmente com o Tratado de Berlim de 1878), sem respeitar diferenças étnicas e culturais, o que alimenta até hoje inúmeros conflitos. 
O que, aliás, não é exclusividade da África continente, sendo também a situação no Oriente Médio e demais regiões asiáticas.
Com muitas lutas e enfrentamentos, os povos africanos foram conquistando suas independências após o que chamamos de Imperialismo. Oficialmente um a um os países foram se tornando autônomos, especialmente depois da Segunda Guerra Mundial. Mas, essa autonomia no papel não representou a liberdade e a autodeterminação de fato. Exemplo disso é o Pacto Colonial que a França impôs aos países que ela dominou, após cada um deles obter sua “independência”.
O primeiro problema é justamente a imposição por parte do dominador aos dominados. É como quem diz, “eu deixo você jogar, só que só se for com as minhas regras”. O que se deu e se dá em grande medida até hoje é um controle imperial em relação às economias das ex-colônias, incluindo a moeda e a forma de gerir suas finanças.
No total são 14 países africanos cuja moeda é chamada Franco CFA, usada para trocar mercadorias entre si e com a França. Mas, esse é só um ponto, já que o verdadeiro objetivo era que todas as ex-colônias francesas da África apenas abastecessem a França de matérias primas e comprassem produtos franceses (algo bem característico do Imperialismo, não é mesmo?). Essa moeda colonial que foi criada pela própria França para o seu próprio interesse, segue em circulação, o que serva para facilitar a exploração africana. 
A França, através deste sistema de valores que é complicado e mesmo controlado de acordo com os seus interesses, mantém as reservas dos países africanos da zona monetária do CFA guardadas no seu cofre, em Paris. Isso mesmo: os países africanos (ex-colônias francesas) precisam depositar 80% de suas reservas em bancos nas ‘contas’ de operações controladas pelo Tesouro francês. Eles têm que pagar para o uso dos serviços desses bancos e também pelas transações quando precisam usar parte desses recursos.
Segundo Euclides Manuel, no livro 11 Pragas de França em Áfricaesse é um sistema tão maligno que até mesmo a União Europeia denunciou, mas a França não está pronta para abandonar esse sistema colonial que coloca cerca de 500 bilhões de dólares da África em seu tesouro ano após ano.
Para garantir que seus interesses sejam defendidos contra “contraventores”, a França interfere na política desses países, ajudando a eleger simpatizantes, fomentando golpes e impondo embargos econômicos e sanções em caso de haver algum governante rebelde.
Isso tudo é corroborado pela coerção declarada ou não, através da instalações de tropas francesas em solo africano, que por causa do Pacto tem “livre acesso e circulação”. Somado ao fato de as armas usadas para defesa desses países serem sempre compradas dos franceses. Até mesmo suas polícias e exércitos devem ser treinados e comandados sob o sistema administrativo da França.
Enquanto segue assim, além de haver uma sangria das matérias primas e riquezas desses países, as empresas francesas estão autorizadas a manter o monopólio em áreas estratégicas, tais como água, eletricidade, portos, transportes, energia, agricultura, produtos de varejo, mineração. Nenhuma indústria ou serviço importante pode ser instalado e mantido sem o aval francês.

Laurent Gbagbo, a resistência na Costa do Marfim

Claro que nem todo mundo é conivente com a situação e focos de resistência têm pipocado por toda parte. Exemplo disso é o presidente Laurent Gbagbo, da Costa do Marfim que se opõe desde que foi eleito em 2000 ao controle econômico francês, ao sistema monetário do Franco CFA e contra a exploração dos recursos do continente. 
A ele vêm se somando vozes, que ainda precisam ganhar força, caso queiram ver maior autonomia e liberdade, coisas que imaginamos como necessárias e fundamentais para um mundo mais justo. O que é, além disso, uma dramática ironia, tendo em vista que a França é o berço da revolução e dos Direitos do Homem e do cidadão – ao menos os cidadãos franceses. 
Em resumo, como diz o site Deutsche Welle, os países africanos dominados pela França por décadas, têm conquistado sua separação em câmara lenta”. 
O Pacto Colonial Secreto da França Que Mantém África Pobre
Euclides Manuel
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