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A partir de meados do século XIX, o mundo experimentou novas e profundas mudanças nas ciências e nas tecnologias, no evento que ficou conhecido como Segunda Revolução Industrial. 

A história da humanidade é pontilhada por momentos de transformação extraordinária, e a Primeira Revolução Industrial foi um desses marcos cruciais. Foi um período que deu início a uma nova era, trazendo consigo não apenas máquinas, mas também a base sobre a qual o capitalismo moderno foi construído.

Era o momento em que se concluia a definição do capitalismo, dividindo de forma mais clara as suas duas classes antagônicas: a burguesia e o proletariado. Um sendo dono dos meios de produção (capital, máquinas, ensumos) e a outra dona apenas de sua mão de obra. 

As transformações técnicas e econômicas da Segunda Revolução Industrial

Mas, foquemos por enquanto nas transformações técnicas e econômicas. Naquela época, as inovações eram impulsionadas mais pela experimentação do que pela ciência. Era uma era de empirismo, onde a prática e a observação direta eram os guias. As indústrias eram predominantemente empresas familiares, e a revolução industrial estava apenas começando a dar seus primeiros passos, focando no setor têxtil.

No entanto, o século XIX testemunhou uma série de mudanças fundamentais que moldariam o mundo de formas impressionantes. O uso generalizado da energia a vapor revolucionou a produção e o transporte, com a popularização das estradas de ferro, encurtando distâncias e tornando o transporte de mercadorias mais acessível.

Fora o impacto que o trem teve sobre as paisagens cortadas por trilhos, além do impacto sobre as terras e seus moradores, que seriam deslocados ou simplesmente desalojados.

O trem, como uma força motriz da Revolução Industrial, transformou paisagens, reduziu custos e se tornou uma fonte de lucro significativa para capitalistas visionários. Bancos e investidores privados começaram a financiar a construção de ferrovias, espalhando rapidamente essa tecnologia da Inglaterra para toda a Europa, os Estados Unidos e o resto do mundo.

Mas o vapor não se limitou aos trilhos. Ele também impulsionou navios, tornando-os mais confiáveis e rápidos do que os movidos à vela. 

O século XIX foi uma era de inovação sem precedentes. As ciências começaram a se consolidar com métodos e teorias novas, revolucionando áreas como a medicina, que deixou para trás antigas crenças e abraçou novas ideias e soluções para tratamentos.

Os avanços científicos e técnicos eram visíveis em todos os lugares, desde a física até a química.

Experimentos desafiaram as limitações do conhecimento, resultando em inovações e invenções anteriormente impensáveis. Em mais ou menos meio século, o telégrafo, a fotografia, o telefone, o gramofone, o cinematógrafo e até mesmo o avião entraram em cena. 

Além disso, surgiu a energia elétrica e o motor a combustão, que começaram a usar o petróleo – embora tenham demorado um pouco para substituir completamente o vapor nas fábricas e nos transportes. No entanto, uma das maiores inovações do período sem dúvida foi o carro, que se tornou um objeto de consumo (ou de desejo) global graças a visionários como Daimler e Benz.

Nesse cenário, Henry Ford introduziu as linhas de montagem, marcando o início da produção em massa. Esse conceito foi imortalizado no filme Tempos Modernos de Charles Chaplin, e mudou para sempre a maneira como as mercadorias eram produzidas e distribuídas. 

A Segunda Revolução Industrial e o Capitalismo Financeiro

À medida que o mundo se transformava, novas potências surgiram na competição com a Inglaterra. Os Estados Unidos, após a Guerra Civil (1861 a 1865), e a Alemanha, após sua unificação em 1871, emergiram como competidores cada vez mais poderosos no palco global.

O otimismo era a palavra de ordem nesse período. Acreditava-se firmemente no progresso da humanidade, especialmente nas potências do momento, como a Inglaterra, Alemanha, Estados Unidos e França. Eles viviam suas próprias versões da Belle Époque, enquanto exploravam outros países em busca de mercados, matérias-primas e produtos tropicais, um fenômeno conhecido como Imperialismo.

Para além do que foi dito até aqui, Hobsbawm argumenta que a Segunda Revolução Industrial não apenas consolidou o capitalismo como sistema econômico dominante, mas também teve um impacto profundo na vida das pessoas, alterando suas condições de trabalho e suas perspectivas de vida.

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Além disso, em seu livro Da Revolução Industrial Inglesa ao Imperialismo,  o historiador Eric Hobsbawm observa que a Segunda Revolução Industrial desencadeou uma série de mudanças sociais, incluindo o crescimento das cidades industriais, o aumento da classe trabalhadora industrial, a expansão do movimento operário e a intensificação das relações de classe.

As mudanças que ela trouxe contribuíram para a criação de uma nova consciência social e política, que moldaria o curso da história no século XX.

Apesar de tudo isso, que incluiria ainda as recorrentes crises vivenciadas e da descrença de alguns de que ele pudesse sobreviver como modo de produção, o capitalismo continuou a se fortalecer. Evoluiu para o capitalismo financeiro, assumindo uma face neocolonial e penetrando em diversos países e territórios ao redor do mundo.

Esse processo foi impulsionado pelas inúmeras transformações e inovações da Segunda Revolução Industrial, que moldaram o mundo como o conhecemos hoje. 

Veja ao vídeo sobre esse assunto que fiz pro canal!

dica de livro

Da Revolução Industrial Inglesa ao Imperialismo, de Eric Hobsbawm

Eric Hobsbawm, historiador reconhecido internacionalmente, sempre argumentou que as tradições alardeadas pelas elites de algumas nações não correspondem à verdade: são tradições inventadas por essas mesmas elites com o objetivo único de realçar a importância de suas respectivas nações.

A partir desse princípio, Hobsbawm buscou aprofundar as suas análises e pesquisas no sentido de criar mecanismos eficientes para desvendar as causas e consequências dos fatos históricos mais relevantes. A obra Da revolução industrial inglesa ao imperialismo retrata bem esse intuito, e conserva-se plenamente atual, se observarmos a fuligem cobrindo inexoravelmente a cidade de Pequim, na China.

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