Depois desse período, gradativamente, o Nordeste foi passando para segundo plano, não só economicamente falando, mas também em relação às medidas de amparo social e político. É nesse sentido que inserimos a Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), surgida em 1959, a partir das movimentações do Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste, com a destacada contribuição de Celso Furtado, seu fundador, o qual para a ocasião produziu o texto Uma política de desenvolvimento para o Nordeste[1], onde deixa clara sua visão da macrorregião:
“uma política adequada para o Nordeste significa renunciar à ilusão de que essa região é tão-somente um apêndice, algo que pode ser relegado a segundo plano, que pode esperar um amanhã incerto em que ‘o bolo a distribuir’ seja maior”.
É com essa visão do problema que a autarquia começou com boas intenções e bons projetos para solucionar o problema das secas no Nordeste, mas acabou sendo gradualmente cerceada, principalmente pelos militares do golpe de 1964. Com os militares no poder, ocorreu a cassação dos direitos políticos de Celso Furtado. Com ele, outros tantos funcionários, voluntária ou involuntariamente, deixaram a instituição.
Foi assim que os militares voltaram-se para o desenvolvimento do Centro-sul do Brasil, especialmente as regiões onde a industrialização se encontrava mais “palpável” e em processo. A SUDENE perdia assim cada vez mais seus subsídios e seu poder de ação, que não foram recuperados efetivamente nem mesmo após o período de redemocratização do país.
As coisas andavam tão tenebrosas para a Superintendência, ou no que dizia respeito ao seu nome, que ela, sobretudo durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, passou a ser associada com corrupção e desvio de verbas. Foi assim que decidiu-se por extingui-la uma vez, em 2001.
Uma nova SUDENE ressurgiria 6 anos depois, através da Lei Complementar 125, de 3 de janeiro de 2007, já no segundo Governo Lula, em substituição à falida ADENE, que por sua vez, como vimos, havia substituído a primeira SUDENE. Com a nova Superintendência surgiu o Plano Nacional de Desenvolvimento do Nordeste, elaborado em consonância com a Política Nacional de Desenvolvimento Regional, que visaria a diminuição das desigualdades regionais.
Concluindo sem dar por encerrado, o que se nota, apesar do problema ainda ser grande e dificílimo de resolver, há cada vez mais uma necessidade de se mostrar que existem erros clamorosos nas sucessivas políticas governamentais, sobretudo a política ingênua de combate às secas, que vem sendo corrigida para uma política de convivência com a seca. Além do mais, a região não se constitui só de lugares secos, como o Sertão e o Agreste, que as vezes parecem desertos (mas não são), comportando ainda a Zona da Mata e o Meio-Norte, com chuvas mais regulares, o que favorece alguns tipos de cultura em grande escala.
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