Como sempre dizemos, todo dia é dia. Mas, como tem uma data, seguem algumas atividades sobre Dia da Consciência Negra que podem ser feitas com os alunos.
Quero falar um pouco sobre o tema e também deixar as atividades e algumas fontes no final, caso queria consultar e tirar novos materiais.
O Dia da Consciência Negra é celebrado no Brasil em 20 de novembro, em homenagem a Zumbi dos Palmares. Era ele o mais famoso líder do Quilombo dos Palmares e símbolo da resistência contra a escravidão.
A data se tornou um marco, ponto de partida, na luta contra o racismo. Marco de reflexão sobre a história e também a herança africana; reflexão sobre as condições de vida dos afro-descendentes.
Breve contexto sobre o Dia da Consciência Negra
20 de novembro é a data da morte de Zumbi dos Palmares – ou melhor, do seu assassinato, que ocorreu em 1695. Zumbi é lembrado como um ícone da resistência à escravidão e da luta por liberdade.
Claro que Palmares não era o único quilombo existente. Havia dezenas espalhadas pelos cantos do Brasil. Mas Palmares era o maior. Localizada na região da Serra da Barriga, no atual estado de Alagoas, estima-se que Palmares chegou a abrigar entre 20.000 e 30.000 habitantes no seu auge, embora esse número varie de acordo com diferentes fontes.
Desses tantos quilombos temos as comunidades quilombolas, que são os remanescentes dos ex-escravizados. Também elas agredidas até hoje, em sua moral e mesmo fisicamente. Espaços de permanência e preservação cultural; espaços de resistência do avanço da chamada “civilização”.
Enfim, de tantos tampos de vinda forçada para o Brasil, os africanos – escravizados e depois os ex-escravizados e seus descendentes – nos legam diversas manifestações culturais, como a música, a culinária, a religiosidade e a arte. Além de sua história de resistência ao preconceito e à discriminação.
Por isso é importante trazer o debate sobre sua história e cultura; e precisamos explorar como elas enriquecem a identidade nacional.
O Dia da Consciência Negra é esse marco importante – mas a luta precisa ser permanente, por pretos ou não – para nos tornarmos melhores e vencermos esses males.
Sugestões de Atividades
Roda de conversa com convidados
Convide pessoas negras de diversas áreas para falar sobre suas experiências e desafios enfrentados em suas profissões e na vida pessoal. Podem ser também moradores quilombolas de sua região.
Essa troca pode gerar empatia e entendimento mais profundo das questões raciais.
Existem associações e movimentos sociais que podem ser bem interessantes de dialogar com os alunos.
Produção de cartazes e murais
Proponha que os participantes produzam cartazes e murais com frases de figuras importantes da luta contra o racismo, como Zumbi dos Palmares, Dandara, Machado de Assis, e Carolina Maria de Jesus.
A criação visual pode ser um meio poderoso de expressão e aprendizado.
Mas, peça aos alunos que coloque pequenos texto-legenda junto aos cartazes para que os alunos de outras turmas vejam e entendam sobre essas pessoas ilustres.
Análise e criação de textos literários
Trabalhe com textos de autores negros brasileiros, como Quarto de Despejo de Carolina Maria de Jesus e Úrsula de Maria Firmina dos Reis, para incentivar o debate sobre a representação da negritude na literatura brasileira.
Você também pode problematizar outros textos e vídeos, pedindo que os alunos façam um pequeno resumo valendo nota.
Eles também podem criar seus próprios textos, tais como contos e poemas. Fiz um trabalho um tempo atrás em que pedi que os alunos criassem um texto falando como seria se eles fossem escravos. Claro que você pode fazer isso em forma de texto literário também ou outra forma textual que achar mais interessante.
Oficinas culturais
Realize oficinas de capoeira, samba, culinária afro-brasileira, ou dança afro. Essas atividades não só divertem, mas também educam sobre as origens e significados das expressões culturais de raízes africanas.
Na sua cidade com certeza tem essas manifestações culturais, por mais que estejam “escondidas” – o que é mais um motivo para problematizar culturas dominantes locais.
Documentários e filmes
Exiba documentários e filmes que abordem a experiência afro-brasileira, como Amarelo: É Tudo pra Ontem (de Emicida) e O Caso do Homem Errado (de Camila de Moraes).
Outros filmes também podem ser vistos, ainda que em trechos, como: Ganga Zumba, Zumbi e Louva-Deus. Esses filmes você encontra no Youtube completos.
Discuta com os participantes as questões apresentadas nas obras. Você também pode pedir que os alunos façam um resumo sobre o vídeo ou filme que viram.
Fontes de estudo
Clique no título para saber mais sobre cada livro.
- Munanga, Kabengele. Rediscutindo a Mestiçagem no Brasil
- Nascimento, Abdias do. O Genocídio do Negro Brasileiro
- Grada Kilomba. Memórias da plantação: Episódios de racismo cotidiano
- Aluísio Azevedo. O Cortiço
- Hasenbalg, Carlos. Discriminação e Desigualdades Raciais no Brasil.
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