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Esse post é mais um sobre pós-graduação. Dessa vez quero falar sobre algumas ações e posturas importantes em pesquisas em Ciências Humanas e darei dicas práticas que tornarão a sua experiência melhor.


A ideia aqui não é pregar sermão em você. Imagina como um “couching” responsável para sua vida acadêmica ser melhor. Por isso precisamos pensar em como você deve seguir com sua pesquisa e, independentemente das especificidades de cada programa de pós-graduação, algumas coisas que em geral são esperadas. Entenda como uma conversa para facilitar seu caminho e te tornar um pesquisador melhor e mais reconhecido.

Organização

Palavra maravilhosa, que faz toda diferença. Mas, que é ignorada por muita gente, não só na pós-graduação, mas no dia-a-dia. 

Com fontes pra coletar, livros pra ler, viagens pra fazer, eventos pra participar e às vezes trabalho para ganhar dinheiro para poder sobreviver, se organizar é fundamental! Seja para um bom resultado, seja ainda para a sua própria saúde física e mental.

Muita gente não se organiza e enfrenta uma infinidade de problemas no caminho. Problemas para cumprir prazos, por exemplo. A pós-graduação cobra prazos, que precisam ser cumpridos para um bom andamento – inclusive para conseguir bolsas e manter essas bolsas.

Sem organização, você perde muito tempo tentando encontrar fontes ou voltar àquelas fontes que se lembrou e que seriam perfeitas para um determinado ponto do texto, mas que não faz ideia de onde está. Nesse caso, fichas e anotações são muito úteis. Assim como a criação de pastas no computador ou mesmo pastas de arquivos e fotocópias físicas, que podem ser por tipo de fontes, períodos, temas. 

Você pode também ter uma agenda (física ou digital, no celular, por exemplo) ou ter um bloco de anotações de datas e atividades a desenvolver. Um check list, por exemplo, pode ser muito útil em certos casos mais corriqueiros e de tarefas para fazer em cada dia da semana, ou ainda para cada dia.

O que não pode é ser um pesquisador “acumulador”, do tipo daqueles de programas de TV a cabo, que juntam coisas sem saber porque e nunca sabe exatamente o que tem.


Compromisso

Sigamos com um ponto mais pessoal. Pense em um médico, que em cada consulta, exame ou cirurgia, precisa buscar ser o mais acurado possível. Se ele não fizer isso, pode cometer erros graves, que podem até ser fatais. Isso só é possível se ele tiver compromisso com o que faz, levando a sério (minimamente) o juramento de Hipócrates. O que na trajetória do médico envolve uma formação de excelência, residência bem feita, dedicação constante e aperfeiçoamento.
 
Pois aí que está: o pós-graduando (aqui especificamente de Humanas) precisa ver sua pesquisa como um compromisso, que trará resultados em termos de conhecimento. Imagina que no processo você resolver inventar dados, forjar citações, criar personagens falsos. Você nada mais fará do que criar textos e relatórios ficcionais. Daremos aí toda razão aos pós-modernos e outros que falam em discurso e realidade inapreensível.

Para facilitar essa parte, você usa as ferramentas de organização do tópico anterior e anota pontos a serem melhor tratados e conferidos; assim como também para identificar erros e informações inconsistentes. 

Por isso é também é interessante no seu texto buscar ser claro, por exemplo, fazendo uso das notas de rodapé para esclarecer pontos ou opções escolhidas. Eu explico: eu tinha dados de exportação de erva-mate (minha pesquisa) que eram conflitantes nas diferentes fontes; o que eu fiz foi procurar colidir esses dados e, quando um me pareceu mais condizentes, expliquei o motivo da escolha nas notas de rodapé, deixando claro a possível fragilidade ou diferentes opções existentes.

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Dedicação

O mesmo que disse no ponto acima serve também aqui. Por isso, o pesquisador precisa se dedicar. Já que para ter um texto “decente” precisa se comprometer a fazer o que se propôs.
 
Claro que ao fim da pesquisa, o que planejou no projeto não precisará sair exatamente igual no texto final. Veja meu caso, eu me propus a pesquisar a “oposição entre produtores e industriais” no âmbito de um órgão responsável pela erva-mate no Brasil. O resultado final foi bem diferente: acabei escrevendo uma tese focada no Instituto Nacional do Mate E sua relação mais geral com a economia ervateira, sendo a “oposição” apenas parte disso.

Mesmo assim, modéstia à parte, essas mudanças no trajeto não me impediram de me dedicar ao que fiz. Por isso, me facilitou bastante quando comsegui me organizar e ter uma noção mais clara do que eu tinha de fontes, de leituras e onde eu conseguiria chegar.

Uma coisa que é grave quando se fala em pós-graduação (ou qualquer outra coisa parecida) são pesquisadores que fazem textos de improviso, ou às pressas, ou ainda mais grave que isso: pagam para alguém fazer.


Ética

O último caso do item anterior tem a ver com a ética do pesquisador. Se você paga para alguém fazer seu texto, ou paga uma “assessoria”, está desperdiçando uma ótima chance de fazer inúmeras experiências, aprender uma infinidade de pontos e detalhes; inclusive como pesquisar mesmo.  Além de estar gastando dinheiro público e cometendo crime. 

Muita gente só quer o diploma, pra receber mais (se for concursado) ou passar em um concurso. Isso fica ainda mais grave nos tempos mais atuais com o surgimento do chat-GPT e da inteligência artificial, que dão muitas respostas – ainda que muitas incorretas, que não serão devidamente apuradas se não houver compromisso.

Essa soma de prática antiética e “ajuda” da inteligência artificial, além de ser perigosa pode ajudar a colocar ainda mais em questão o papel humano nas pesquisas de Humanos. Por isso a ética do pesquisador envolve compromisso com a verdade, com a construção de conhecimento e com a seriedade das informações e dados que oferece. 



Originalidade

Como falei em outro post, não precisamos ser originais em tudo, especialmente se estivermos no Mestrado. O que não impede você de construir conhecimento e identificar pontos que podem ser desenvolvidos de forma crítica e melhor avaliados, inclusive de forma continuada no Doutorado. Nessa última fase sim você precisará desenvolver uma tese, onde poderá oferecer algo novo, que podem ser informações, sugestões de discussões futuras e esclarecimentos sobre realidades sociais.

Seu texto, em último caso, não precisa revolucionar o mundo, mas ainda assim pode ser brilhante, interessante e vivo.

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