Dando continuidade ao estudo de casos de crises humanitárias na contemporaneidade, dessa vez falamos sobre a Síria.
A Síria, país localizado no Oriente Médio, é apontada pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) como uma das emergências humanitárias mundiais. Mas para entendermos um pouco melhor o que acontece lá, precisamos voltar até 2011.
Tendo seu início em 2011, a Guerra Civil Síria acontece como um desdobramento da onda revolucionária de protestos presente em países do Oriente Médio e norte da África, chamada Primavera Árabe, e que, na Síria, buscava uma série de reformas sociais, como a instituição do pluripartidarismo, a geração de mais empregos, melhores condições de vida, etc.
Comandada pela família al-Assad desde 1970, e pelo atual presidente Bashar al-Assad desde 2000, a violenta repressão do autoritário comandante sírio aos protestos originou uma nova e maior onda que espalhou-se por todo o país, adentrando até mesmo a maior cidade da Síria, Aleppo. A formação de milícias armadas oriundas da integração de grupos que atuavam nos protestos a militares desertores, a fim de revidar a violência por parte do governo e expulsar o exército sírio de suas cidades, contudo, desencadeou uma resposta ainda mais opressiva e violenta por parte de Bashar al-Assad, delimitando, assim, os contornos para a formação da Guerra Civil Síria.
Tendo como base a diversidade étnica-religiosa síria, composta por sunitas, curdos, cristãos, ismaelitas e drusos, além da minoria alauíta, uma ramificação xiita e etnia do ditador Bashar al-Assad, a não legitimação do governo por parte das diferentes composições étnico-religiosas acarretou em um cenário de instabilidade político-religiosa, agravando-se com o adentramento do território sírio por parte de grupos extremistas como o Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIS, na sigla em inglês), em 2013, que atuam conjuntamente a ramificação da Al-Qaeda, a Frente Fateh al-Sham (antiga Frente Al-Nusra), de orientação sunita.
A violência imposta pelo Estado Islâmico ao povo sírio, inclusive com o estabelecimento de um califado na região, mobilizou um movimento de autodefesa dos curdos sírios, instituindo, desta maneira, a Unidade de Proteção Popular do Curdistão Sírio, a YPG, na sigla em curdo, que também garante a proteção dos curdos sírios de ataques de tropas da Turquia.
A conjuntura fragmentada em diversas frentes políticas-religiosas-militares despertou também o interesse de potências estrangeiras, destacando o apoio estadunidense às frentes de oposição ao governo, financiando grupos como o Exército Livre da Síria (ELS) e a YPG, e a coligação entre Rússia e Irã, que defendem a manutenção do governo de Bashar al-Assad. Entretanto, cabe pontuar os interesses econômicos por trás disso, tendo em vista que a Síria é um país rico em petróleo e gás natural.
Os resultados desta Guerra Civil são catastróficos. De acordo com o ACNUR, mais de 11 milhões de pessoas deixaram suas casas para trás, e 6 milhões delas cruzaram fronteiras para escapar das bombas e balas que devastaram suas casas. Além disso, aponta-se que grande parte dos países-alvo dos refugiados sírios não apresentam campos de refugiados formais, deixando-os desamparados – 70% dos refugiados sírios no Líbano vivem abaixo da linha da pobreza. Em suma, mais uma vez civis sofrem por quererem direitos humanitários básicos.
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Fontes dessa postagem:
Dos textos
Referências:
Das imagens: Rádio Web – UFPA; IstoÉ.
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