Um livro interessante para entendermos a Idade Média e discutir o papel do dinheiro nesse período. Leia nossa breve resenha.
O dinheiro tem até hoje sentido amplo, assim como o que se entendia como moeda não era na Idade Média exatamente como a entenderíamos a partir da concretização do Capitalismo em substituição ao Feudalismo. Para Jacque Le Goff o Feudalismo do ocidente europeu terminou mesmo no século XVIII, ainda assim a partir de alguns países, como a Inglaterra do que se chamou de Revolução Industrial e a França que deu fim ao Antigo Regime a partir da Revolução Francesa.
Enquanto ainda existia Idade Média, o dinheiro não tinha o significado que conhecemos, em geral, hoje. O objetivo do autor nesse livro é mostrar que o dinheiro esteve ligado, pelo menos até os séculos XIII e XIV, à ideia de poder – daí o fato de o dinheiro não se manifestar exclusivamente como moeda, mas também em diversos outros formatos, como lingotes de ouro e prata e baixelas. Num segundo momento, a partir do século XIII a igreja, tendo que se adequar às mudanças que ocorriam na Europa, especialmente a partir da “revolução comercial”, teve que rever seus conceitos sobre riqueza e pobreza, inclusive sobre a prática do comércio, sobre o lucro (a usura) e sobre o significado do dinheiro. Para a igreja, especialmente a partir da fundação das ordens mendicantes (sobretudo os franciscanos), a moeda passou a ser usada para a caridade, por meio das esmolas mas também dando origem aos hospitais.
Nesse contexto, o autor procura explicar nesse livro como “evoluiu” a ideia de dinheiro, inserindo-o na Idade Média, daí fazendo o autor uma recuperação de pontos já estudados por ele ao longo de sua trajetória. Procura ele construir um cenário o mais completo possível, com elementos culturais, sociais e políticos, procurando mais uma vez mostrar o caráter dinâmico e rico da Idade Média, contra as ideias preconceituosas que imperaram por muito tempo sobre a “Idade das Trevas” – ideia para ele sem fundamento.
Enfim, é um livro que vale a pena ler, pois tem uma escrita agradável e acessível. Vale a pena ler se for professor, para enriquecer as aulas de História. E se for aluno, com certeza vai entender muito do que o autor diz e vai poder a partir dele iniciar conversas sobre dinheiro, moeda, bancos, crédito, igreja, formação inicial dos Estados Nacionais, movimentos comerciais e mesmo trabalho e salários.
O livro é dividido nos seguintes capítulos:
1) A herança do Império Romano e da cristianização;
2) De Carlos Magno à feudalidade;
3) O impulso da moeda e do dinheiro na virada do século XII para o XIII;
4) O próspero século XIII do dinheiro;
5) Trocas, dinheiro, moeda na revolução comercial do século XIII;
6) O dinheiro e os Estados nascentes;
7) Empréstimo, endividamento, usura;
8) Riqueza e pobreza novas;
9) Do século XIII ao século XIV, o dinheiro em crise;
10) O aperfeiçoamento do sistema financeiro no fim da Idade Média;
11) Cidades, Estados e dinheiro no fim da Idade Média;
12) Preços, salários e moeda nos séculos XIV e XV;
13) As ordens mendicantes e o dinheiro;
14) Humanismo, mecenato e dinheiro;
15) Capitalismo ou caritas.
DICA DE LIVRO: A Idade Média e o Dinheiro, de Jacques Le Goff [com breve resenha]
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