Marc Bloch é o estreante de uma série de perfis de historiadores que faremos no blog. Ele é um dos mais importantes historiadores do século XX, tendo sido fundamental para a mudança que se realizou no ofício do Historiador, a partir sobretudo da criação da Escola dos Annales, da qual foi co-fundador.
Seu nome completo é Marc Léopold Benjamim Bloch, nascido em Lyon, 6 de julho de 1886. Era filho de Gustave Bloch. Professor de História Medieval, Marc Bloch estudou na Escola Normal Superior de Paris, estudou em Berlim e também em Leipzig antes de ser bolseiro (bolsista) da Fundação Thiers (1909-1912, onde escreveu sua tese de doutorado sobre o fim da servidão dos camponeses na ilha da França, cujo título era Reis e servos: um capítulo da história capetiana (clique aqui para baixá-la).
Ele participou da Primeira Guerra Mundial, na arma de infantaria, sendo ferido e recebendo uma condecoração militar por mérito.
Após a guerra ingressou na Universidade de Estrasburgo, renomada instituição onde conheceu e conviveu com Lucien Febvre. Os dois fundariam em 1929 a Revista dos Annales (então chamada de Annales d’Histoire Économique et Sociale). Em 1936, sucedeu a Henri Hauser na cadeira de História Econômica da Sorbonne, em Paris. Com sua mudança e a de Lucien Febvre para a capital e a transferência da sede da revista, a mesma conheceu então um sucesso mundial, dando origem à chamada Escola dos Annales.
Desde que publicou seu livro Os Reis Taumaturgos pela primeira vez em 1926, ele produziu outras obras importantes, como A Sociedade Feudal (1936), Os Caracteres Originais da França Rural, A Estranha Derrota (esse sobre a derrota da França na Segunda Guerra, lançado postumamente) e aquele que é considerado por muitos como um “manual de cabeceira”, que todo historiador deveria ler um dia, Apologia da História. Esse último também lançado pela primeira vez após sua morte – aliás, livro que não conseguiu terminar, o que deixa uma angústia na sua parte final.
Essas obras póstumas tem a ver com sua condição trágica nos anos 1940. Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, e a ocupação nazista da França, Bloch, por ser judeu, teve que deixar a direção da Revista dos Annales, que passou a ser orientada apenas pelo seu colega Lucien Febvre. Somado a isso, sendo militante da resistência francesa em tempos de domínio nazista, ele foi preso pela Gestapo, torturado e fuzilado em Saint-Didier-de-Formans, em 16 de junho de 1944.
Caso queira conhecer mais sobre esse autor, existe, entre outros a coleção de textos biográficos intitulada Marc Bloch, organizados por Julio Bentivoglio e Josemar Machado de Oliveira. Além dessa, um ótimo livro para entender um pouco sobre os Annales é o A Escola dos Annales (1929-1989): a Revolução Francesa da Historiografia, de Peter Burke. Ainda há o livro As Escolas Históricas, de Guy Bourdé e Hervé Martin, reserva boa parte de seu espaço para falar das mudanças iniciadas pelos annalistas e seus herdeiros pós década de 1970.
* Originalmente postado em 11/mar/2020.
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