O livro Liberdade Vigiada, de Paulo Cesar Gomes, trata das relações entre a Ditadura Militar brasileira e o governo francês.
Neste livro, são analisados conteúdos de uma série de papéis sigilosos, nacionais e estrangeiros, conhecidos como os “documentos secretos da ditadura”, revelando fatos até então desconhecidos sobre o regime ditatorial. A França sempre teve sua imagem externa tradicionalmente vinculada à de uma terra de asilo, tendo sido o país em que os exilados brasileiros se concentraram em maior número a partir de 1973. Ao mesmo tempo, as autoridades francesas ― agindo sob o princípio realista de não intervenção nas questões internas de outros países ― buscaram não se pronunciar sobre a conjuntura política brasileira, com o intuito de manter a regularidade de suas relações com nosso país.
Da mesma forma, durante muito tempo, prevaleceu a versão segundo a qual a diplomacia brasileira não se envolveu nas arbitrariedades perpetradas pela ditadura militar que vigorou em nosso país entre os anos de 1964 e 1985. Todavia, em 2011, com a Lei de Acesso à Informação, o acervo documental do período finalmente pôde ser consultado e ficou evidente que havia muito a ser investigado nesse campo, incluindo, por exemplo, como o governo francês procurou manter sob constante vigilância os brasileiros que se encontravam em seu território, sobretudo aqueles que tinham participado de ações de grupos armados de esquerda.
O historiador Paulo César Gomes aceitou o desafio e mergulhou no mundo até então secreto do Itamaraty e dos diversos órgãos ligados ao Serviço Nacional de Informações (SNI). Em Liberdade Vigiada, ele apresenta o resultado de sua pesquisa, que se materializa nesta obra sólida, baseada em evidências e articulada em termos analíticos e teóricos, escrita com grande elegância narrativa.
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