A Idade Média é um dos períodos mais fascinantes, repleta de movimento, cores vibrantes, lendas e segredos misteriosos. Neste post você encontra uma empolgante lista de autores e livros sobre o período.
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Nos últimos tempos tenho feito muitas leituras sobre a Idade Média, por motivos profissionais, mas também interesse pessoal. Por isso resolvi fazer esse post, que é apenas parte da enorme historiografia sobre o assunto, mas pode ser interessante para quem está começando.
É bom a gente saber que a Idade Média já foi e é pensada de formas diversas ao longo dos dois últimos séculos, tendo passado por escolas históricas diferentes, com visões por meses irreconciliáveis. Só para ficarmos em algumas, podemos lembrar do Positivismo e do Historicismo de Ranke, que presevam pela objetividade, por isso davam crédito às fontes oficiais, que focavam por sua vez nos grandes personagens (reis, nobres, membros do alto clero) e suas ações, políticas e religiosas.
Não havia com essa escola histórica nenhum espaço para o cultural e espaço limitado para o social e o econômico. Isso vai começar a mudar com alguns pensadores individuais do começo do século XX e especialmente com a escola histórica francesa dos Annales.
De iniciativa individual, temos o estudo de Johan Huizinga, com seu maravilhoso livro O outono da Idade Média. Esse livro foi lançado em 1919. Foi muito criticado pelo fato de Huizinga ter feito farto uso de uma linguagem mais poética e também de fontes pouco usuais para a época. Sua ideia era justamente ir além das fontes oficiais, além de não se prender nas análises políticas, nem mesmo na econômica que naquele momento ganhava força especialmente com o marxismo.
Dez anos depois dele, Marc Bloch e Lucien Febvre criaram a Revista dos Annales, que significaria uma virada mais ampla e conjunta nas formas de fazer história. Passou-se então a se fazer uso de forma sistemática de novas fontes e novos métodos. Foram feitas críticas severas à narrativa positivista, além de um abandono do político, dos grandes personagens e dos grandes feitos. Passou-se a priorizar os aspectos sociais e econômicos.
É assim que teremos os estudos de Marc Bloch sobre a Idade Média. Seriam publicados por ele os clássicos Os Reis Taumaturgos e A Sociedade Feudal. Notava-se aí uma preocupação com a organização social, as crenças, além, claro, da constituição da sociedade feudal.
A partir dos fundadores dos Annales (mas não só), os estudos do medievo foram se multiplicando. Além disso, as mudanças na maneira de escrever a história não parariam. Assim que teríamos, por exemplo, Fernand Braudel que lançou a ideia das diferentes temporalidades históricas (tempos curto, médio e longo). Ele mesmo se dedicaria à História Moderna, mas a análise através da identificação de temporalidades foi sendo aplicada também aos estudos da Idade Média.
Novas grandes mudanças viriam a partir dos anos 1960-1970, na onda do que se chamou de Nova História. É nessa fase que se destacariam como grandes medievalistas Jacques Le Goff e Georges Duby. Desses dois autores teríamos obras importantíssimas para pensarmos uma nova Idade Média, não mais vista como Idade das Trevas e sim mais brilhante e interessante. Eu já publiquei os perfis desses dois historiadores que vocês podem ler depois, mas só pra termos ideia, dentre outros, são deles ou organizados por eles os livros: A civilização do Ocidente Medieval, Os intelectuais na Idade Média, A Idade Média e o dinheiro, Heróis e maravilhas da Idade Média, Dicionário analítico do Ocidente medieval, O Deus da idade média, O nascimento do purgatório, A bolsa e a vida, Homens e mulheres da Idade Média e Para uma outra Idade Média (de Jacques Le Goff); O ano mil, O cavaleiro, a mulher e o padre, Idade média idade dos homens, As damas do século XII e História da vida privada (de Georges Duby).
Claro que os estudos e livros não param nos Annales. Como falei, a lista é enorme, muito além do que eu posso apresentar nesse post, mas ainda poderíamos citar alguns outros livros. Por exemplo, temos as monumentais e elogiadas obras de Robert Fossier, O trabalho na Idade Média e As pessoas da Idade Média. Livros que abordam temas fundamentais, que focam em aspectos que eram completamente ignorados pelos positivistas.
Temos o livro As Cruzadas Vistas Pelos Árabes, de Amin Maalouf, que oferece uma perspectiva árabe sobre as famosas Cruzadas, um evento importante da Idade Média. Do ponto de vista europeu, A História das Cruzadas, de Steven Runciman, um clássico que detalha as Cruzadas e seu impacto na Europa e no Oriente Médio. Ainda sobre esse tema, temos A Invenção das Cruzadas, de Christopher Tyerman, que analisa como o conceito moderno de “Cruzada” evoluiu ao longo do tempo.
Temos também O Nascimento do Ocidente, de Paul Collins, que aborda a formação da Europa ocidental na Idade Média, destacando a importância do período carolíngio. No campo das biografias, teríamos uma infinidade, a exemplo de livros publicados pelos autores que já mencionamos, além de O Livro de Margery Kempe, de Margery Kempe, que é na verdade uma autobiografia religiosa escrita no século XV por uma mulher que viajou e teve experiências espirituais significativas.
No Brasil temos dentre outros Hilário Franco Junior, que dentre outros livros publicou As Cruzadas, A Idade Média, nascimento do Ocidente e O ano 1000.
Num outro ponto de vista, o da literatura de ficção, podemos citar alguns livros que trazem a Idade Média como tema ou como um de seus temas. É o caso do famoso romance O Mundo de Sofia, de Jostein Gaarder, que oferece uma visão envolvente da filosofia ao longo da história, incluindo a filosofia medieval. Outro grande clássico, que virou um filme igualmente famoso, é O Nome da Rosa, de Umberto Eco. Outra obra de ficção, mas que fornece uma representação fascinante da vida em um mosteiro medieval e da investigação de crimes durante a Idade Média.
Por enquanto é isso. Caso tenha alguma outra sugestão de livro ou acréscimo a fazer sobre o que eu disse nesse post, fique à vontade para mandar pelo contato do blog ou deixar nos comentários.
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