Há quem diga que os shows de Marcelo Camelo são monótonos e sem brio. Há quem diga também e com relativa razão que o compositor e cantor é melódico de mais, é a parte “sensível” d’Los Hermanos, oposto da energia que muitos preferem em Rodrigo Amarante. Há quem diga (e aí me incluiria) que a combinação dos dois, mais a banda, é o que forma a sintagma Los Hermanos.
É a harmonia do romântico melancólico e voluntariamente envelhecido e do enérgico objetivista e desejavelmente jovial. Bom, mas o assunto é “Marcelo Camelo Solo” (isso mesmo, “Solo” é uma espécie de sobrenome de cantores que separam e tentam alçar voo sem “matrizes” ajudadoras, as bandas mães que os ajudaram nos primeiros passos e mostrou-lhes como bater asas).
Como sempre acontece com Marcelo Camelo, não se pode ficar isento nas avaliações, ou você dorme com as músicas e depois reclama do que viu, ou, como fizemos, se deixa levar pelos acordes e toadas de violão, acompanhadas em algumas canções pela rabeca meio psicodélica e profunda de Thomas Rohrer. Trata-se de um exercício de sentimentalismo e poesia, um show em que lembramos de coisas boas e revivemos sensações.
Poderia terminar por aqui, mas como fã que sou do cantor fiz parte de um grupo esperançoso por uma foto e autógrafo, o que após pouco mais de uma hora e meia se mostrou um esforço inútil. Mas ainda assim, sem o registro caligráfico do gênio, saí com a certeza de que o Brasil tem boa música, pelo menos o que assim a considero.
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