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Morreu Silvio Berlusconi, ex-primeiro ministro italiano, com trajetória polêmica, marcada por escândalos de corrupção e pelo título de “rei do bunga-bunga”.


Ele não foi apenas ex-sogro de Alexandre Pato e rei das festas coletivas, regradas à escândalos sexuais, as chamadas Bunga-Bungas. Ele representou também o conservadorismo (nada conservador, como se vê) e a virada da extrema-direita na Itália. 

Quando ele ganhou as eleições pela primeira vez em 1994, uma onda de investigações amplamente midiatizadas tinha enfraquecido o sistema político. Como aconteceu no Brasil com a Lava-Jato, a operação italiana Mãos Limpas foi fundamental para desacreditar o sistema político e abrir as portas para a direita entrar com tudo. 


Se bem que muita gente, levada pelo que acontecia, nem acreditasse naquele momento na existência de lados opostos (direita e esquerda). Isso já vinha sendo alimentando com o fim da União Soviética e a Guerra Fria, tornando-se ainda mais “evidente” com as revelações daquela investigação “salvadora”. Isso, aliás, é o tema central do livro Direita e Esquerda da Norberto Bobbio, que será tema de uma resenha no canal nos próximos dias. Esse livro foi escrito justamente no período das eleições italianas de 1994 e serviu como resposta à ela.

É nesse contexto de descrédito dos “velhos” políticos que Silvio Beslusconi se elegeu. Ele liderou três governos italianos entre 1994 e 2011, a frente do partido Forza Italia, que teoricamente seria um partido de centro-direita, mas que agrega os mais variados setores reacionários da sociedade italiana, tais como: o conservadorismo liberal (se é que isso existe), a democracia cristã, o liberalismo (ou Neoliberalismo) e um populismo de direita.


A trajetória de Berlusconi mostrou o quanto era falsa a promessa de moralização política e social. Sua vida pessoal e política foi extremamente polêmica. Ele foi alvo de diversas investigações envolvendo festas “bunga-bunga” (bebidas, mulheres e sexo), escândalos de corrupção e inúmeros processos judiciais. Só que, com o poder que sua família e ele mesmo acomularam e o apoio daqueles que viram nele um “mito”, líder de uma “era de ouro”, a prisão não era seu destino – como não é dos magnatas mundiais de forma geral.

Por exemplo, sua primeira condenação ocorreu em agosto de 2013. Berlusconi foi condenado a quatro anos de prisão por fraude fiscal (o mesmo tipo de condenação de levou o lendário Al Capone, mafioso dos Estados Unidos, em 1931). Mas, no caso de Berlusconi, três desses anos foram anistiados (perdoados) e o ano que sobrou ele cumpriu na forma de “serviço comunitário”. Ironicamente  (ou não), com essa “boa ação”, ele ainda conseguiu o título de Cavaliere!

Daria pra ir longe quando se fala em Silvio Berlusconi. Mas, se ele morreu em 12 de junho, a direita italiana segue bem viva. Inclusive no governo atual, com a primeira-ministra Giorgia Meloni. Ela é presidente do Partido Conservador e Reformista Europeu e se elegeu em 2020 em coligação com o Forza Italia de Berlusconi. Meloni já deu manifestações de xenofobia, de racismo, de homofobia e tantos outros preconceitos que caracterizam os políticos de direita dos últimos anos, à exemplo de Trump nos Estados Unidos e de Bolsonaro por essas bandas.


Por isso, podemos dizer que Berlusconi morreu, mas sua sombra seguirá pairando sobre a Itália, assim como o domínio da direita.

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Quero também compartilhar com vocês um vídeo do meu canal sobre o Neoliberalismo.

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