“O MST deve ser declarado ilegal”

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Entrevista: Gilberto Thums, procurador de Justiça

Há quem diga que o MST continua sendo o maior e mais representativo defensor da reforma agrária no país. Há quem considere que essa causa foi abandonada pelos sem-terra, que aspirariam agora a um projeto político de controle do aparelho do Estado. Um dos mais veementes é o procurador de Justiça Gilberto Thums, 53 anos, que atua junto à 6ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça (TJ) e também é professor na Escola Superior do Ministério Público do Estado. É dele a proposta, não aprovada, de que o MST seja declarado ilegal.

A seguir, uma síntese da entrevista:

Zero Hora – Por que o senhor quer pôr o MST na ilegalidade?

Gilberto Thums – O MST deve ser declarado ilegal porque usa táticas de guerrilha. Os acampamentos são usados para molestar fazendeiros, ameaçá-los de morte. Os sem-terra usam e abusam do saque e até de explosivos. Os objetivos iniciais do movimento eram 100% aceitáveis, mas seus métodos são ilegais. É isso que combatemos.

ZH – O senhor não acha que colocando na ilegalidade os sem-terra vai ajudar a empurrá-los para o crime?

Thums – Quem os empurra ao crime são seus líderes. Os acampados são excluídos, ninguém é imbecil de não reconhecer isso, mas são usados por uma turma que só quer esculhambar o país. Infelizmente, nos acampamentos mandam os radicais. É uma pena, porque a reforma agrária tem de ser feita, e o Estado pode até ser responsabilizado por não dar terra a quem precisa. Só que isso não justifica agir fora da lei, como faz o MST.

ZH – O senhor vai mesmo pedir intervenção nas escolas administradas pelo MST?

Thums – O Ministério Público vai sugerir isso em algum momento. Existe uma geração de sem-terra formada nessas escolas com base numa ideologia radical. Ela prega um conteúdo didático de luta de classes e contra o Estado, embora seja sustentada com dinheiro público. Não é uma contradição? Além disso, cantam o hino de Cuba mais do que o do Brasil. Isso não é possível tolerar.

ZH – O senhor não teme ser chamado de radical de direita em razão dessas propostas?

Thums – Tento fazer com que prevaleçam a lei e a ordem. Se uma pessoa entrar num supermercado e quebrar tudo, vai para o presídio. Já quando um integrante do MST faz isso, sempre surge alguém que justifica, dizendo ser um “movimento social” o autor dessa barbaridade. Está certo agir assim? Se estiver, podem me chamar de radical. Mas no cumprimento da lei.

Fonte: Jornal Zero Hora. Porto Alegre, 27 de junho de 2008.

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