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democracia grega

A democracia nasceu na Grécia antiga, revolucionando a política e a ideia de cidadão. Todos falamos sobre o assunto, mas, será que sabemos o que era a democracia grega? 

A Grécia nos influencia até hoje quando pensamos em democracia. Ao estudamos os exemplos clássicos, logo pensamos na Grécia Antiga e em Atenas.

Basta ler qualquer livro de História Geral para encontrar este determinado período quase que “divinizado” e os atenienses da época como pessoas felizes vivendo em um sistema justo e imparcial. 

Mas, se aprofundarmos um pouco mais os estudos essa noção é a primeira a cair por terra. 

Na DEMOCRACIA ateniense apenas os cidadãos votavam – cerca de 10% da população da cidade – e, na Ágora ( lugar de reunião para discussões e debates sobre a condução dos destinos da Polis) apenas 10% dos aptos a votar comparecia com regularidade. 

Ou seja, de cerca de 120.000 pessoas da época de Platão apenas 12.000 votavam e debatiam e apenas 1.200 compareciam aos debates e votações. Portanto o problema da formação do cidadão crítico não é um problema novo e não seremos nós a resolvê-lo. 

Quanto a indicação por Q.I. (“quem indica”), lembrem-se que, utilizando o mesmo exemplo (Atenas – e o sistema democrático ideal) apenas os sofistas levavam a melhor na Ágora e ALUGAVAM seus préstimos de oradores para quem tivesse interesse em fazer aprovar uma questão ou outra. 

Leia mais: 5 coisas que você precisa saber sobre Neoliberalismo

O princípio da razão ou da melhor valia – equivalente aos nossos curriculuns de hoje – não vigorava. Ganhava quem tinha melhor capacidade de oratória para influenciar os votantes ou dinheiro para pagar os melhores oradores. 

Isso resultava em estratégias como escolher dia e hora em que a plateia fosse maior ou menor conforme o interesse particular de uns ou outros assim como as grandes redes de ensino universitário de hoje escolhem contratar especialistas em detrimento de mestres e doutores pois os salários são menores. 

O que acabo de escrever aconteceu – de fato – a cerca de 2.500 anos. E, neste tempo todo a essência não mudou, apenas a forma. Um sofista de ontem é um “lobista” de hoje. 

Romper culturas não é fácil. 

Em tempo: Sabe-se hoje por registros encontrados quais os principais assunto discutidos na Ágora. Se vocês que me leem tem a noção de que lá se discutia formas de apurar o mecanismo de governo, ou altas deliberações filosóficas sobre como melhorar a vida do cidadão… se enganam. 

Na Ágora os principais assuntos discutidos eram… festas na cidade e em segundo lugar quem indicar para compor as delegações atenienses para, por exemplo, representa-los nas Olimpíadas. 

dica de livro

Estado e democracia

Entre o nascimento da política na Antiguidade clássica e o fantasma de um “totalitarismo neoliberal” nos dias correntes, os autores apresentam a origem do Estado moderno, o impacto do temido Leviatã, o clarão renovador das revoluções democráticas, o horror do regime totalitário dos anos 1930 e o igualitarismo do pós-guerra.

Pensando um tempo atrás sobre o Brasil e a democracia, José Lauro Fernandes, meu quase homônimo, me mandou esse texto como resposta. 

José Lauro Fernandes é formado em Jornalismo com Mestrado e Doutorado no exterior (Portugal). Veja o perfil dele no Linkedin, clique aqui.

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  1. Avatar de PORTAL PAN-AMERCANO

    Quando houve realmente Democracia?

    Creio que somente no Comunismo Primitivo

    Isso, de modo natural, empírico…

  2. Avatar de José A. Fernandes

    Pois é… algo a se pensar. Não sei se existiu algum dia um comunismo primitivo, sabe professor?

  3. Avatar de Eustáquio

    Parabéns Prof. Dr. Jose Antonio. Belíssimas palavras para explicitar um conceito que está perdendo sua essência. De modo, penso eu, ao alcance de muitos leitores, que como eu, gosta de entrar em sala de aula, sobretudo dos cursos de pós-graduações para professores, com uma linguagem do cotidiano, mas sem prejuízo das normas da língua vernácula.

  4. Avatar de José A. Fernandes

    Como disse o texto é do meu quase homônimo José Lauro, mas obrigado pelos comentários… é bom saber que gostou.

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