A palavra CAMPO DE CONCENTRAÇÃO pode ter diferentes interpretações, mas em geral está marcada pela concentração de pessoas em espaços de punição e trabalho forçado, que remete à experiência nazista de extermínio. Mas, afinal, você sabe o que são campos de concentração?
Mas, existiram outras experiências, que apesar das semelhanças diretas ou sutis, tem também diferenças.
A experiência nazista ficou marcada pelos horrores dos campos de extermínios. Mas esse é um tipo de campo de concentração, havendo ainda os campos de concentração destinados a trabalho forçado, não para extermínio propriamente.
Os campos de concentração, seja os campos de trabalho forçado seja os campos de extermínio, marcaram algumas das páginas mais terríveis da história humana.
Mas é importante lembrar também que a experiencia alemã não foi a única. Houve outras experiências de campos de trabalhos forçados ou de concentração de pessoas em outros países e momentos.
Seja como for, muitos historiadores concordam em chamar essas experiências de campos de concentração.
Antes de continuarmos, uma dica de livro…
Ravensbrück: A história do campo de concentração nazista para mulheres.
Por décadas, essa história ficou escondida por trás da cortina de ferro, e até hoje é pouco conhecida. Usando testemunhos desenterrados desde o fim da Guerra Fria e entrevistas com sobreviventes que nunca antes haviam falado, Sarah Helm foi ao coração do campo, demonstrando, com minuciosos detalhes, o quão fácil e rapidamente o terror evoluiu.
Inspirador, arrepiante e profundamente comovedor, o livro Ravensbrück: a história do campo de concentração nazista para mulheres é um trabalho revolucionário de investigação histórica. Lembra-nos da capacidade do ser humano tanto para a crueldade bestial quanto para a coragem e resistência contra todas as possibilidades.
Ravensbrück: a história do campo de concentração nazista para mulheres é um relato incrível do que uma sobrevivente chamou de “heroísmo, tenacidade sobre-humana e excepcional força de vontade de sobreviver”.
O caso Inglês
Antes da Alemanha, a Inglaterra usou campos de concentração na África do Sul. Isso aconteceu durante a Segunda Guerra dos Bôeres (entre 1899-1902).
Nesse caso, a ideia era fazer uso do trabalho forçado, como punição, como compensação e também para “reeducação” dos derrotados.
O caso cubano
Por curiosidade, ainda antes dos casos ingleses e alemães, Cuba já tinha campo de concentração. Isso aconteceu no fim do século XIX, quando a Espanha ainda dominava.
Claro que há muitas diferenças em relação ao que veríamos depois, mas no caso cubano já se falava em “campos de reconcentração”. Era para onde mandavam os revoltosos contra o sistema colonial, a fim de que fossem “reformados” ou realocados.
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A URSS e os Gulags
Na União Soviética, depois da revolução de 1917, seriam ampliadas as experiências do período imperial.
O tzarismo já fazia uso do degredo e do exílio de pessoas para a Sibéria, um lugar inóspito, extremamente frio e de difícil sobrevivência. Mas quando os comunistas soviéticos chegaram ao poder em 1917, eles aumentaram as prisões que serviam como campos de trabalho forçado.
Esses espaços de punição eram conhecidos como Gulags.
Eles foram utilizados por motivos políticos, contra antigos monarquistas, contra os “brancos” que lutavam contra os “vermelhos” (comunistas”; enfim, contra aqueles que eram considerados “inimigos da revolução” ou “contrarrevolucionários”.
Os Gulags foram muito usados especialmente durante o regime de Stálin, no que ficou conhecido como “expurgo” ou o Grande Terror Stalinista.
Em geral, os historiadores concordam que sua finalidade não era de “morte certa”, como o caso alemão. Mas não quer dizer que a vida fosse fácil nos Gulag ou que muitos não acabassem morrendo de fome, de frio ou simplesmente fuzilados.
As experiências alemãs
Vejamos então as experiências alemãs.
E falo no plural porque antes de Hitler e os nazistas já havia campos de concentração ou campos de trabalho forçado alemães.
É o exemplo do que foi feito pelos alemães no sul da África. Inclusive com “experimentos científicos” para estudar as raças e mostrar a superioridade branca e europeia.
Depois disso, já na Alemanha nazista, os campos de concentração foram sendo institucionalizados a partir 1933, com a ascensão de Hitler ao poder.
O campo de Dachau, foi o primeiro campo de concentração nazista criado. A ideia era abrigar opositores políticos.
Já Auschwitz, se tornou o símbolo do genocídio na Segunda Guerra Mundial, onde milhões de pessoas, em sua maioria judeus, foram sistematicamente exterminados.
A partir da ascensão nazista ao poder houve uma escalada em direção aos campos de extermínio de judeus e minorias. Campos em que as pessoas iam já sabendo que dificilmente sairiam vivas.
Esses campos da morte fizeram parte do plano que ficou conhecido como “solução final”, posto em prática nos últimos anos da Segunda Guerra.
Conclusão
Enfim, só reforçando, os nazistas não criaram os campos de concentração, nem foram os únicos a fazer uso deles. Outros países fizeram uso dele, a fim de concentrar pessoas indesejadas, força-las a trabalhar ou exterminá-las.
Mas, seja pela realidade mais crua ou pela publicidade que se deu da coisa, a experiência alemã se tornou símbolo de Campo de Concentração.
Vale ainda dizer que com o fim da Segunda Guerra e a criação da ONU, ao menos oficialmente ficou proibida a criação de campos de concentração. O que não impediu a URSS de seguir com os Gulags, especialmente no governo de Stálin, e das ditaduras da América Latina (casos do Chile e Argentina) fazerem uso de mecanismos parecidos.
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