Por que Trump ameaçou os BRICS?

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Donald Trump ameaçou os BRICS caso abandonem o dólar como moeda em suas transações. Mas, porque o dólar importa? De onde vem sua dominação mundial? Como está a economia global atualmente?

O presidente eleito dos Estados Unidos exigiu que países do bloco se comprometam a não criar outra moeda que substitua o dólar ou iria impor taxações pesadas aos produtos do grupo.

Os BRICS são países considerados emergentes – embora a China já seja a segunda economia do mundo. O grupo é originalmente formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul e tem se fortalecido e ameaçado a hegemonia econômica dos Estados Unidos. Dentre seus últimos projetos está a possibilidade de criação de uma nova moeda que substitua o dólar – ameaça que Trump tanto repudia.

Mas, de onde vem a dominação norte-americana? E como o dólar se tornou a moeda do comércio mundial?

Como os Estados Unidos se tornaram hegemônicos?

A ameaça dos BRICS bate de frente com a dominação econômica norte-americana do mundo que vem lá do fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Até o conflito mundial, o país dominante ainda era a Inglaterra, embora já bem enfraquecida da Primeira Guerra e seguida por outros países. A moeda franca, dominante no comércio do mundo, era a Libra Esterlina.

Mas, diante de tudo que se passou, com a destruição dos países envolvolvidos na Segunda Guerra e a necessidade de reconstrução, haveria uma mudança geopolítica drástica. Assim como na guerra de 1914, os Estados Unidos saíram-se como os grandes vencedores e desta vez se estabelecendo definitivamente como a maior potência capitalista do mundo.

Nesse sentido é que foi imposto aos demais países o Acordo de Bretton Wood. Assinado em julho de 1944, um ano antes do fim da guerra, o Acordo de Bretton Woods, estabeleceu um novo sistema financeiro internacional que seria seguido após a Segunda Guerra Mundial.

O acordo criou instituições importantes, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, com o objetivo de promover a estabilidade econômica global e financiar a reconstrução dos países devastados pela guerra – além de “espantar a ameaça do comunismo”, representado pela URSS.

O dólar se torna dominante

Nesse contexto de Bretton Woods, o dólar (lastreado em ouro) seria definido como a moeda franca, a moeda das transações internacionais.

Esse arranjo garantiu estabilidade cambial por algumas décadas, mas entrou em colapso nos anos 1970 devido a crises econômicas – Crises do Petróleo – e à incapacidade dos Estados Unidos de manter a paridade dólar-ouro. Além disso, novos personagens passariam década após década a ganhar importância na economia global, a exemplo dos Tigres Asiáticos e, enfim, da China.

Tudo isso faz com que o dólar seja questionado e novas moedas sejam colocadas como possíveis. O Euro ganhou destaque, mas não chega ameaçar definitivamente os Estados Unidos. Já o Yuan chinês passou a depresentar uma ameaça mais forte, sobretudo pelo pelo da China como segunda economia mundial, especialmente nas últimas décadas.

Os BRICS na nova economia global

Os BRICS discutem ainda a possibilidade de criação de uma terceira moeda, que seria usada nas transações do grupo. Aí que Donald Trump, conservador que é, vem tentando defender os “interesses americanos”.

O que ele e outros tantos norte-americanos não entenderam é que a economia global mudou e está muito mais diversificada. Além de que os Estados Unidos já não tem mais total controle como tinha 70 anos atrás – quando todo o mundo estava afetado direta ou indiretamente pela Segunda Guerra e nas décadas seguintes pela Guerra Fria.

Fato também que os BRICS incomodam e mostram que a parceria do grupo tem muitas possibilidades e não dão espaço para velhas políticas. A China já tem relações com muitos países no globo, incluindo investimentos no continente Africano. A Índia já é uma potência tecnológica. A Rússia passou por momentos terríveis em sua economia quando a URSS se desfez, mas voltou ao cenário mundial com força – posição mantida mesmo com a atual Guerra da Ucrânia. O Brasil parou por anos de crescer, mas já mostra sinais importantes de reação e retomada de posição como “emergente”.

Num mundo ultra globalizado a economia, o trabalho e as relações pessoais estão muito mais dispersas e a dominação por um único país já se mostra enfraquecida. Embora, o capital continue controlando, não é mais o capital de um país ou potência. Por isso, embora os Estados Unidos sigam fortes, novas possibilidades (como de uma nova moeda) são claras.

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