A Reforma Protestante representou uma virada na história religiosa da Europa e do mundo. Nesse post vou mostrar alguns fatos que você precisa saber a respeito!
A rememoração da Reforma está muito ligada à Martinho Lutero, isso porque em 31 de outubro de 1517, ele pregou suas 95 teses na porta da igreja de Wittenberg, na Alemanha. A proposta era de reforma da igreja, já que num primeiro momento não tinha intenção de romper totalmente com o catolicismo.
O rompimento ocorreria como resultado do que ocorreu como reação às 95 teses. Nelas Martinho Lutero criticava a venda das indulgências (perdão de pecados); defendia a salvação pela fé e não mais pelas obras; defendia a autoridade da Bíblia, não mais das autoridades terrenas; daí também fazer críticas à autoridade do Papa, que, segundo ele, não tinha autoridade para perdoar pecados (quanto mais por meio de pagamentos e doações).
O resultado foi uma perseguição a Lutero, que foi excomungado pela Igreja. Mas, graças a ajuda de amigos nobres, ele conseguiu sobreviver e espalhar suas ideias, especialmente entre os domínios germânicos da época. Como resultado, houve um rompimento definitivo com a Igreja Católica e a criação do Luteranismo, que criou raízes e hoje é representado nas suas várias igrejas espalhadas pelo mundo.
Lutero e suas 95 teses
Mas Lutero foi o único reformador?
Não, ele não foi o único reformador. Antes e depois de suas teses outros se manifestaram por reformas religiosas.
Para citarmos um exemplo dos que vieram antes dele e inclusive o influenciaram, falemos de John Wycliffe. Ele foi um pároco e professor inglês do século XIV, tido como um dos principais precursores da Reforma Protestante na Europa. Como Lutero ele não queria criar uma nova religião, mas apenas reformar a Católica.
Dentre suas principais ideias, encontramos a proposta de tradução da Bíblia para o inglês e a defesa da Bíblia como única fonte doutrinária. Ele também fez duras críticas à riqueza e corrupção da Igreja. Outra coisa importante, é que ele defendia uma maior participação dos leigos na vida da igreja, já que pra ele a igreja não deveria ser uma instituição hierárquica distante, mas sim uma comunidade de crentes.
Não precisa de muito para entender que essas ideias atingiram muita gente importante do Clero, especialmente os da alta cúpula. O clero controlava a leitura da Bíblia, que devia seguir em latim, não se aceitando sua tradução para uma língua nacional até que Lutero lançasse sua versão em alemão. Além disso, a igreja fazia fortunas em terras e tesouros, coisa que não apenas Wycliffe e Lutero, mas muitos outros reformadores critiram.
Outra coisa é que a hierarquia era a base da igreja, desde que se tornou religião oficial do Império Romano. Falar em romper com isso não pegava nem um pouco bem.
John Wycliffe
Ainda assim, John Wycliffe sobreviveu, sorte que não tiveram outros reformadores como John Huss, que foi julgado pela Igreja Católica em 1415, no Concílio de Constança, onde se recusou a retratar suas crenças reformistas. Como resultado, foi considerado herege e queimado na fogueira.
E depois de Lutero?
Já em relação aos que vieram depois de Martinho Lutero, temos que destacar João Calvino. Ele lançou novas bases para a igreja reformada, sendo o fundador do Calvinismo, que segundo Max Weber seria a base do “espírito capitalista”, devido às doutrinas que pregava que teriam favorecido a constituição do novo sistema político-econômico.
Já num contexto de rompimento com a Igreja Católica, portanto dentro de um contexto de igreja reformada, ou protestante, João Calvino teria em Martinho Lutero uma inspiração, mas caminharia no sentido oposto em pontos fundamentais.
Por exemplo, enquanto Lutero defendeu o arrependimento e a salvação pela fé, João Calvino defendeu a doutrina da predestinação. Segundo ela, antes da criação do mundo, Deus escolheu quem seria salvo e quem seria condenado. Assim, ninguém saberia se era ou não escolhido até que chegasse o momento final. Isso é frequentemente resumido na frase “eleição incondicional”, já que não haveria nada que a pessoa pudesse fazer para reverter a sua situação.
João Calvino defende a ideia da predestinação
Além do Calvinismo, outros movimentos protestantes foram se constituindo, se agregando em diversas denominações, sejam elas metodistas, puritanas, batistas e por aí vai. A exemplo da Igreja Anglicana, fundada pelo rei inglês Henrique VIII, após seu rompimento com o Papa romano. Nessa igreja o rei da Inglaterra é o chefe e representante de Deus na terra.
A Igreja Anglicana mantém muitas das crenças e práticas do Cristianismo tradicional católico, mas também possui uma tradição litúrgica distintiva. Ela enfatiza os Sacramentos, como o Batismo e a Eucaristia, e tem uma estrutura hierárquica que inclui bispos, padres e diáconos.
Rei Henrique VIII, fundador da Igreja Anglicana
Mas as mudanças terminaram?
E as mudanças no que a gente chama de igrejas evangélicas não pararam. Ao longo dos séculos ocorreram rompimentos, richas, novas formações e doutrinas. No século XX, por exemplo, temos o surgimento das chamadas igrejas pentecostais, especialmente com a criação da Assembléia de Deus. Já na segunda metade do mesmo século, surgiriam os neo-pentecostais, exemplo da Igreja Universal do Reino de Deus.
Além disso, como resultado da reforma, as igrejas protestantes seguiram por muito tempo separadas e mesmo se envolveram em guerras com a Igreja Católica. Que, por sua vez, também passou por mudanças ao longo dos séculos, começando pela chamada Contrarreforma Católica, que espalhou missionários (exemplo dos Jesuítas) pelos quatro cantos do mundo, especialmente no chamado Novo Mundo (América). Além disso, passou por movimentos de renovação carismática e uma maior aproximação dos fieis.
Se estiveram por muito tempo separadas e mesmo inimigas, nos últimos séculos houve uma reaproximação entre as igrejas reformadas e a Igreja Católica, no que chamamos de movimento ecumênico. Essa aproximação e aceitação mútua, no entanto, não são de todas as denominações evangélicas, se restringindo aos luteranos, calvinistas e outros, enquanto algumas mantém uma postura de condenação ao catolicismo, a exemplo da Assembléia de Deus.
