Vantagens e desvantagens do ensino à distância

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O ensino a distância (EaD) vem sendo assunto nos últimos dias por causa da nova limitação regulamentada pelo governo federal. O EAD tem uma série de vantagens, mas também apresenta desvantagens que precisam ser consideradas.

O ensino a distância (EaD) tem ganhado destaque nos últimos anos, principalmente impulsionado pelos avanços tecnológicos e pela necessidade de adaptação a novas realidades, como a pandemia de COVID-19.

Segundo dados do INEP, já são mais de 3 milhões de alunos de cursos de graduação a distância no Brasil. Só para compararmos, os cursos presenciais de graduação tinham 1.656.172 de alunos em 2022 – em 2021 o número desse tipo de estudante chegou inclusive a cair.

Não tem como negar a importância do EAD no cenário brasileiro. Essa modalidade de ensino oferece uma série de vantagens que a tornam uma alternativa atraente para muitos estudantes, mas também apresenta desvantagens que precisam ser consideradas.

Vantagens do ensino a distância

São inegáveis algumas vantagens do EAD, especialmente para quem tem horário apertado e orçamento reduzido.

Por exemplo, em relação à flexibilidade de horários. Os alunos podem acessar o material de estudo e realizar as atividades no momento que for mais conveniente para eles.

O aluno pode aproveitar o trajeto para o trabalho, no ônibus, no metrô ou no trem, se morar numa grande cidade como São Paulo. Pode estudar em horários de folga ou momentos programados para você.

Além disso, como demanda uma estrutura mais enxuta, o EAD tende a ser barato. Isso tanto em nível de cursos profissionalizantes como universitário.

Para os alunos, há a economia com transporte, alimentação e, muitas vezes, material didático, já que muitos recursos são disponibilizados online.

O que também ajuda a romper barreiras geográficas, possibilitando, por exemplo, que eu faça um curso em uma instituição na Europa, nos Estados Unidos ou na China – desde que eu tenha conhecimento no idioma, claro, ou estejam disponíveis legendas em português.

Além dessas vantagens, tem o fato de a tecnologia proporcionar uma gama variada de recursos e ferramentas de aprendizagem, como vídeos, podcasts, fóruns de discussão, simulações interativas e bibliotecas digitais, que podem enriquecer o processo educacional.

Desvantagens do ensino a distância

Mas, há também desvantens no EAD.

Uma das mais importantes, na minha visão, é a falta de interação que o ensino presencial proporciona.

A troca de ideias, debates e discussões em sala de aula são elementos importantes do aprendizado que podem ser drasticamente reduzidos no EaD.

Somado à isso, tem a questão do isolamento social. Costumo dizer que isso é um mal da pós-graduação (mestrado e doutorado, em que você estuda sozinho. Mas, o ensino à distância tem disso, de afastar as pessoas, deixá-las sozinhas com suas dúvidas e incertezas.

Além disso, o aluno precisa ser autodisciplinado e gerir seu tempo. Muita gente não consegue (por não saber como) gerir seu tempo. Muita gente cai na procrastinação, deixando as coisas para depois (o que às vezes nunca chega).

HORIZONTAL

Não podemos escondar ainda que, para muita gente, o ensino à distância é apenas uma fábrica de diploma. Uma forma de conseguir um título. Nada mais que isso. Pagam para outros fazerem seus trabalhos, fazem o mínimo, não estudam… enfim.

Por outro lado, a pessoa pode ter muita vontade de estudar, mas não ter acesso à tecnologias. Muita gente não tem um computador ou internet em casa .

Alunos de baixa renda ou de regiões com infraestrutura tecnológica limitada podem encontrar sérias dificuldades em acompanhar o curso.

Por fim, outro grave problema é a qualidade da educação.

Claro que existem boas instituições de ensino à distância. Mas, existem também muitas instituições especializadas em vender diplomas, o que supre o mercado de compradores que citei antes.

Algumas podem não oferecer suporte adequado, tutores qualificados ou materiais didáticos de qualidade. Outras simplesmente montam uma estrutura minima e deixam seus alunos sem suporte e sem acompanhamento.

Enfim, o debate e a regulamentação…

O ensino à distância é uma realidade na sociedade digital atual, ponto. São mais de 2.500 instituições oferecendo ensino à distância.

O EAD apresenta um conjunto de vantagens que podem transformar a educação, tornando-a mais acessível e flexível.

Mas, é muito importante que a sociedade esteja ciente das desvantagens. Nisso, o debate sobre a regulamentação do EAD é muito importante.

Precisamos de constante fiscalização, somada à uma avaliação aprimorada dos cursos. Além de uma regulamentação que cobre qualidade e entenda às necessidades dos alunos e da clientela dos futuros profissionais.

Da parte das instituições, elas tem que investir em infraestrutura tecnológica, oferecer suporte acadêmico adequado, e promover métodos de ensino que incentivem a interação.

A grande maioria das instituições que oferecem ensino à distância no Brasil são privadas (mais de 87%). Para elas reduzir custos é prioridade, a fim de maximizar os lucros. Mas, isso não pode ser desculpa para oferecer um curso razo, que apenas entregue diplomas depois da conclusão de uma etapa.

Alguma coisa está sendo feita…

Atualmente, o governo federal está tomando medidas e propondo debates para rever o marco regulatório da educação. Enquanto escrevo, medidas estão sendo tomadas para suspender a criação de novos cursos universitários EAD e também para reduzir a quantidade de matérias à distância (aumentando a necessidade das presenciais).

Isso é motivo de polêmica, mas não pode impedir que medidas sejam tomadas. Qual o grau de interferência do MEC nos cursos privados à distância? Como isso se dá e deve se dar? Isso precisa ser debatido. Mas, precisamos avançar na regulação. Do jeito que tá, a qualidade só tem piorado.

Muitos alunos saem do ensino à distância perdidos. Muitos com culpa no seu próprio processo formativo, sim. Mas também havendo muito descaso. Alunos com dúvidas sem ninguém para atendê-los ou quando tem, tutores despreparados. Muitos tutores que nem são da área.

Instituições de fachada ou com polos com espaços inadequados. Estruturas limitadíssimas.

Enfim. Problemas existem bastante e precisam ser levados à sério. Debates precisam ser feitos com base em dados seguros e soluções precisam ser tomadas para melhorar o ensino no Brasil.

Mas, falei tanto aqui. E você, o que acha da regulamentação que tem feito atualmente pelo MEC?

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