As universidades estaduais e federais de SP poderão adotar um novo modelo de pós-graduação que possibilita ao aluno passar do mestrado para o doutorado após 12 meses de curso.
Começando a valer a partir de 2025, essas mudanças objetivam tornar os programas mais flexíveis, modernizando o conteúdo das disciplinas, oferecendo atividades extramuros, dando novo significado ao mestrado e dinamizando o doutorado.
Um protocolo de intenções foi assinado nesta segunda-feira, 11 de novembro, entre a Capes, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e as seis universidades públicas de São Paulo – USP, Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Universidade Federal do ABC (UFABC) e Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). O acordo visa incentivar mudanças nos programas de pós-graduação para torná-los mais atrativos, diversificados e alinhados às necessidades da sociedade.
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O reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior, representando as três universidades estaduais paulistas comentou:
“O modelo atual de pós-graduação foi criado em 1965, com o Parecer Sucupira. Em 60 anos, o mundo mudou, o ensino superior evoluiu e adaptações tornaram-se necessárias. Um ponto importante é a duração dos cursos. Hoje, o tempo médio para obter o título é de 9,5 anos, devido ao intervalo entre o mestrado e o doutorado”,
Marco Antonio Zago, presidente da Fapesp, acrescentou:
“Esse problema surgiu aos poucos. Quando fiz minha pós-graduação, obtive o título aos 28 anos. Hoje, a média é 38 anos, e esse aumento de tempo não trouxe melhorias na qualidade. O País não pode sustentar isso. Precisamos simplificar processos, reduzir burocracia e eliminar exigências desnecessárias para formar bons pesquisadores”.
As propostas resultam de discussões realizadas nas instituições sobre o formato, o papel e o futuro da pós-graduação no Brasil e no mundo.
“Este acordo representa um esforço conjunto para atrair mais candidatos ao doutorado, reduzir a média de idade dos doutores e qualificar os programas de pós-graduação das universidades. Investir na formação de pessoas capacitadas para pesquisa não é gasto, é investimento”, afirmou Luiz Antonio Pessan, diretor de Programas e Bolsas da Capes.
Novo modelo para a pós-graduação
A proposta para o novo modelo sugere que, nos primeiros 12 meses, o aluno curse disciplinas da matriz curricular, tanto formativas quanto interdisciplinares, desenvolva um projeto de pesquisa e identifique um orientador.
Além disso, os programas deverão oferecer opções formativas voltadas à inovação, empreendedorismo, inserção social e ao setor industrial ou público, permitindo a atuação direta em empresas ou órgãos governamentais.
Ao final dessa etapa inicial do mestrado, os alunos farão um exame de qualificação para avaliar seus conhecimentos e o projeto de pesquisa. Caso sejam aprovados, terão duas opções: continuar no mestrado e concluí-lo em mais um ano ou converter o curso para o doutorado, a ser finalizado em até quatro anos.
Carlotti explicou que a adesão dos programas de pós-graduação ao novo modelo será voluntária.
“As mudanças que estamos propondo representam um grande avanço para a pós-graduação no Brasil. Esperamos que 30% dos programas adotem o modelo já no primeiro ano”, declarou.
O reitor da UFABC, Dácio Roberto Matheus, representando os reitores das universidades federais paulistas, destacou que
“esse acordo é um instrumento inovador, que desburocratiza a pós-graduação sem comprometer o mérito e a qualidade das nossas pesquisas, fundamentais para o desenvolvimento do País”.
Também assinaram o documento Antonio José de Almeida Meirelles (reitor da Unicamp), Maysa Furlan (vice-reitora da Unesp), Raiane Assumpção (reitora da Unifesp) e Maria de Jesus Dutra dos Reis (vice-reitora da UFSCar).
Fonte: Jornal da USP / Erika Yamamoto.
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