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Filme Henry – Retrato de um Assassino | resenha

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Alguns filmes não passam — ficam, como cicatrizes. O filme Henry é um deles: perturbador, sombrio e impossível de esquecer. E essa é mais uma resenha de Louis Leite.

Conheço esse filme há muito tempo. E, embora faça muitos anos desde a última vez que o assisti, ele permanece como uma cicatriz: marca e é difícil de esquecer. Ainda consigo me lembrar dele enquanto realizo tarefas simples, imerso na rotina.

O que posso dizer? Não é uma obra que eu recomendaria com facilidade, mas sempre me empolga discutir a atuação e a filosofia por trás da narrativa.

O protagonista, Henry, ampliou minha percepção sobre os limites humanos. Ele não foi o assassino fictício mais brutal que já vi — longe disso —, mas certamente foi o mais temível.

Do início ao fim, somos levados a uma sensação contínua de desesperança em relação à humanidade. A produção foi precisa ao utilizar elementos como iluminação, cenários e figurinos sujos e decadentes para transmitir essa atmosfera. Acompanhamos a história com a impressão constante de que não há espaço para nada genuíno ou leve.

Até que uma reviravolta inesperada no roteiro nos arrasta, quase à força, para um romance imprevisto. 

Não há nada saudável ou convencional no relacionamento entre Henry, um serial killer, e Becky, mas é justamente dele que, de maneira sutil, nasce um breve alívio no espectador.

De forma mais pessoal, o que me comoveu foi a trajetória de Becky — o fato de ela ter encontrado, ainda que por um instante, uma sensação de proteção contra uma realidade cruel, mesmo que essa proteção viesse de alguém ainda mais cruel. E embora eu não acreditasse que Henry fosse digno de um terço do que Becky era — do que ela poderia oferecer com a chance de um recomeço —, confesso que me senti satisfeito por ele tê-la feito, ainda que momentaneamente, enxergar uma vida diferente.

Mas é exatamente aí, entre os devaneios de Becky — que acabam também se tornando os nossos —, que somos trazidos de volta à realidade. De forma brutal. E, para mim, inesquecível.

Não comentarei aqui sobre o clímax da obra — aquele que me derrubou logo após o momento mais alto —, mas posso afirmar que é ele que, até hoje, me faz lembrar dessa história e desses personagens, mesmo depois de tanto tempo.

Louis M. Leite nasceu na ilha São Francisco do Sul em fevereiro de 2007. Sua paixão pela literatura se iniciou ainda na infância, evoluindo para a escrita posteriormente, aos doze.

Familiarizado com o cinema e o teatro, pode ser encontrado na cidade de Jaraguá do Sul, em Santa Catarina, em eventos culturais e participando de projetos. Sempre está atrás de uma oficina de roteiro ou fotografia de cinema, não gosta de perder nenhuma oportunidade.

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